Os analistas do Citi preveem que o preço do ouro dispare 50% em 2025 para os 3.000 dólares se o mundo entrar numa "profunda recessão global". O preço da onça (28,349 gramas) negoceia atualmente nos 2.029 dólares (1.876 euros).
O disparo do ouro pode acontecer, em primeiro, com a "rápida desaceleração de uma tendência existente, mas que se move lentamente: a desdolarização dos bancos centrais dos mercados emergentes que pode provocar uma crise de confiança no dólar norte-americano", segundo a análise do banco norte-americano para os próximos 12-18 meses.
Com o recuo na compra de dólares, estes bancos centrais podem começar a apostar mais na compra de ouro, pressionando os preços para cima.
As compras de ouro pelos bancos centrais têm atingido "níveis recordes" nos últimos anos, à medida que tentam diversificar as suas reservas. As compras têm sido lideradas pelos bancos centrais da China e da Rússia, mas a Índia, Turquia e Brasil também estão a acelerar a compra de barras, de acordo com o documento citado pela "CNBC".
Os últimos dois anos têm sido marcados por recordes, com os bancos centrais a comprarem mais de mil toneladas de ouro em cada ano.
Em segundo, uma "profunda recessão global" que obrigue a Reserva Federal norte-americana a cortar rapidamente as taxas de juro também irá provocar pressão sobre os preços do ouro.
Os preços do ouro tendem a ter uma relação inversa com as taxas de juro: à medida que os juros descem, o ouro torna-se mais apelativo em comparação com ativos de renda fixa como as obrigações, que geram menos retornos num ambiente com baixas taxas de juro.
A taxa de juro de referência da Fed situa-se acima dos 5%, o seu valor mais elevado em mais de vinte anos, desde 2001, com os mercados a descontarem cortes a partir de maio ou junho.
Em terceiro, o analista Aakash Doshi também destaca que um terceiro cenário pode provocar o disparo do ouro: uma estagflação - inflação alta, economia com crescimento lento, e subida do desemprego.
O ouro é considerado um ativo de refúgio: quando a economia está a sofrer, os investidores afastam-se de ativos mais voláteis para apostarem no metal precioso. Mas este cenário é considerado pouco provável pelo analista.
Para o primeiro semestre deste ano, o preço do ouro deverá situar-se nos 2.000 dólares; atingindo os 2.150 dólares na segunda metade do ano, segundo o Citi.
Petróleo nos 100 dólares
Os analistas do Citi também analisaram os preços do petróleo e esperam que atinja os 100 dólares por barril em 2025 com vários factores a impactar.
Na quarta-feira, o barril de Brent negociava nos 82,5 dólares.
A pairar sobre os preços estão os ataques dos Houthi no Mar Vermelho. A situação está a afetar as exportações do Iraque e pode afetar outros membros da OPEP+ na região se o conflito escalar.
A invasão militar da Faixa de Gaza por Israel poderá alastrar a outros pontos do Médio Oriente, sendo de salientar o aumento da tensão entre Israel e o Líbano.
Por um lado, o analista aponta que países como o Iraque, Irão, Líbia, Nigéria e a Venezuela são vulneráveis a falhas de abastecimento.
Por outro, o Irão e a Venezuela estão sujeitos ao endurecer de sanções por parte dos EUA.
Mas há mais riscos geopolíticos, como o abastecimento de petróleo da Rússia, que pode vir a falhar se a Ucrânia decidir atacar refinarias com drones.
No cenário central, o Citi prevê o preço do barril nos 75 dólares para a média deste ano.