A Cimpor pretende investir 1,4 mil milhões de euros em Portugal até 2030, grande parte para fazer face ao “desafio número um” da descarbonização, com infraestruturas, tecnologia e novos produtos, adiantou o presidente executivo da cimenteira.
O anúncio foi feito por Cevat Mert num encontro com jornalistas, que assinalou cerca de seis meses desde que assumiu o comando da cimenteira, após ter passado a ser detida a 100% pela Taiwan Cement Corporation (TCC), em março.
Em outubro, a Cimpor tinha anunciado um investimento de 360 milhões de euros em projetos de descarbonização e inovação, até 2026, dos quais 180 milhões no seu Centro de Produção de Alhandra, em Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa.
No encontro desta manhã, o CEO da Cimpor Portugal e Cabo Verde adiantou também que o objetivo da empresa é entrar em mais mercados, além dos 14 países em que está atualmente presente.
Atualmente, adiantou, a Cimpor está a investir no Reino Unido – cerca de 50 milhões de euros próprios num terminal do porto de Bristol -, assim como em França. E vai “sem dúvida, investir nos Estados Unidos”.
Já o responsável comercial da cimenteira, Ignacio Gomez, explicou que a alteração nos mercados, com mais enfoque na Europa e Estados Unidos, se deveu aos novos requisitos ambientais.
“Os players em África ou na China não estão a investir nisto, […] por isso têm um custo [de produção] mais baixo. Continuar a exportar em África tornou-se mais difícil”, explicou, adiantando que 25% a 30% da produção em Portugal se destina à exportação.
Cevat Mert garantiu que a intenção da TCC é manter os 100% da Cimpor, marca que é a sua “porta de entrada na Europa”. E pretende também continuar a reforçar o quadro de trabalhadores, embora admita dificuldades de atração de talento.
Segundo o administrador financeiro, Diogo Felgueiras, no conjunto de Portugal e Cabo Verde, a cimenteira é responsável por cerca de 2.000 postos de trabalho, diretos e indiretos.
Quantos aos desafios futuros, os gestores da Cimpor sinalizaram a necessidade de aumentar o ritmo de investimentos previstos pelo Governo e simplificar procedimentos que facilitem o desenvolvimento dos projetos.
“Estamos a fazer um investimento grande e se o Governo não está com o mesmo ritmo, teremos um problema no futuro”, apontou Ignacio Gomez, dando como exemplos os problemas com o transporte de dióxido de carbono (CO2) que é capturado e com o licenciamento dos projetos.
Já quanto à instabilidade geopolítica, Cevat Mert disse esperar “altos e baixos”, mas não vê ainda razões para “levantar a bandeira vermelha”. “Está tudo a correr de forma bastante estável e, como todos sabemos, o futuro é energia e tecnologia e, enquanto essa transformação estiver a acontecer, haverá construção, e se houver construção, haverá cimento”, apontou o CEO.