O projeto para uma fábrica de baterias de lítio em Sines, distrito de Setúbal, entrou em consulta pública. O promotor são os chineses da China Aviation Lithium Battery Technology (CALB), num investimento de dois mil milhões de euros.
A fábrica terá a capacidade para 15 gigawatts hora (GWH), o equivalente a 38,6 milhões de células por ano.
O objetivo é arrancar com o projeto até ao final do próximo ano: "Com o objetivo de satisfazer a grande procura dos clientes (principalmente da indústria automóvel), pretende-se garantir o início da produção até ao final de 2025".
O projeto entrou em consulta pública a 19 de janeiro, com o processo a terminar a 29 de fevereiro.
A unidade industrial vai ficar implantada num terreno com 45 hectares na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS).
O projeto foi reconhecido em março de 2023 como Projeto de Potencial Interesse Nacional (PIN).
"Trata-se assim de um com muita importância ao nível da economia nacional, não só pelo valor do investimento (2.060 milhões de euros) como também pela criação de postos de trabalho (1800 postos de trabalho diretos), pode-se ler no documento.
A empresa detalha que a linha elétrica de interligação encontra-se em fase de estudo prévio e que o processo de loteamento industrial e a infraestruturação do lote onde se localizará a fábrica "encontra-se atualmente em curso".
O JE pediu uma reação à empresa, mas não obteve resposta até ao fecho da edição.
Este projeto "representa uma oportunidade para o desenvolvimento económico, induzido pela transição energética, em particular, a substituição gradual de veículos com motores a combustão por veículos elétricos".
A produção de baterias de lítio "(baterias elétricas), contribuirá para a transição energética global e para o desenvolvimento da cadeia de valor europeia das baterias, sendo muito relevante para o desenvolvimento do PIB Nacional e Europeu".
O promotor salienta que o projeto "vai ao encontro das políticas europeias e nacionais de transição energética pois tem como objetivo a construção e operação de uma unidade de produção de baterias de lítio, essenciais para garantir a transição energética" e também ao encontro dos objetivos do "PNEC 2030 na ótica da redução da emissão de GEE, proveniente de veículos com motores a combustão, contribuindo para suportar a transição energética e a progressiva substituição de veículos com motores a combustão por veículos elétricos".
Analisando os impactos ambientais, o promotor destaca que "embora se evidenciem efeitos desfavoráveis, mitigáveis e classificados geralmente como pouco significativos, após implementação de medidas de minimização, e com relevância à escala local, por outro lado, verificam-se também vários efeitos positivos. Assinale-se os efeitos positivos socioeconómicos associados, na fase de construção, à utilização de mão-de-obra local e à atração de trabalhadores para o local da obra, e na fase de exploração, à criação de riqueza, dinamismo económico, e promoção de emprego", acrescenta a CALB.
"Em termos de impactes residuais, subsistem alguns efeitos negativos significativos, como a eliminação da vegetação para construção da fábrica, o potencial aumento da pressão nos Recursos Hídricos (consumo) e a potencial pressão imobiliária prevista na fase de exploração. Estes aspetos serão devidamente geridos e monitorizados durante a implementação do projeto", pode-se ler no documento.
A empresa salienta que os "demais impactes negativos, classificados genericamente como pouco significativos a sem significância, são mitigáveis com o conjunto de medidas de minimização identificadas no EIA no decurso da normal gestão e mitigação ambiental em ambiente de obra, destacando-se ainda os planos de monitorização propostos, nomeadamente, o Plano de Monitorização da Flora e Vegetação, o Plano de Monitorização de Avifauna, o Plano de Monitorização da Qualidade da Água Subterrânea, o Plano de Monitorização do Ambiente Sonoro, o Plano de Monitorização de Qualidade do Ar e o Plano de Monitorização da Socioeconomia".
"Será assim assegurado o acompanhamento destas componentes, e caso necessário, serão implementadas medidas de gestão necessárias. Prevê-se igualmente o enquadramento paisagístico da Unidade Industrial, tendo sido para tal elaborado um Plano de Integração Paisagística. Reforça-se que as medidas preconizadas, serão asseguradas através da implementação de um Plano de Gestão Ambiental, para gerir os demais impactes negativos identificados. Este plano deverá incluir e configurar a inclusão mandatória de todas as medidas e programas de monitorização propostos para a fase de construção e exploração", segundo o documento.
A procura por rede elétrica em Sines tem vindo a aumentar com os inúmeros projetos industriais previstos para a próxima década na região. Um total de 17 projetos de 12 entidades está interessada em ligar-se à rede elétrica nacional em Sines, num total de 4,9 GVA. Destes projetos, nove são projetos de Potencial Interesse Nacional (PIN). As entidades prestaram cauções no valor de 63 milhões de euros, anunciou o Ministério do Ambiente em novembro.
A empresa já adiantou que este projeto pode vir a representar mais de 4% do PIB quando estiver em produção, revelou a "Lusa" em novembro de 2022. Na primeira fase do investimento, a empresa espera dar resposta somente às encomendas que já tem em carteira na Europa. Numa segunda fase, em 2028, o objetivo é ampliar as instalações, escalando a unidade de 15 para 45 GWh. Numa terceira fase, o objetivo é ficar com uma unidade igual à maior fábrica europeia, a giga-fábrica da Tesla.
Recorde-se que em julho, o Jornal Económico noticiou que este projeto estava a ser reequacionado por Pequim devido à decisão de Portugal afastar a Huawei das redes nacionais de 5G.
Estes são os 17 projetos que querem ligar-se à rede em Sines:
-3 projetos das Águas de Santo André
-2 projetos da StartCampus
-1 projeto da CALB
-1 projeto da GreenH2Atlantic
-1 projeto da Iberdrola
-1 projeto da MadoquaPower2X
-1 projeto da MadoquaNH3
-1 projeto da Petrogal
-2 projetos da Repsol
-1 projeto da Smartenergy
-1 projeto da WINPTX
-2 projetos da H2GreenSteel