Na passada quinta-feira, o Governo, em Conselho de Ministros, selecionou os investidores para participar na venda das participações sociais que a Caixa Geral de Depósitos detém no Banco Comercial do Atlântico, em Cabo Verde. O Jornal Económico sabe que há três instituições interessadas em comprar a participação da CGD no maior banco caboverdiano.
O IIB Bank (International Investment Bank) é um dos três interessados e notícias recentes revelam que está bem posicionado para comprar o Banco Comercial do Atlântico (BCA). Aliás, em entrevista ao Jornal Económico, o chairman do IIB Group, Sultão Sohail, confirma o interesse do grupo do Bahrein no banco cabo-verdiano que a Caixa pôs à venda e explica o racional por detrás do negócio. "Inorganicamente, o foco agora é continuar a crescer a nossa franquia africana. E, especificamente, manifestámos interesse em adquirir o Banco Comercial do Atlântico", disse Sohail, ao JE, acrescentando que espera que o processo esteja concluído até ao final do primeiro semestre de 2024.
O Governo volta assim a dar luz verde à CGD para avançar com a venda da participação social no Banco Comercial do Atlântico (BCA), no qual detém 59,81% do capital. Recorde-se que já tinha havido uma tentativa de venda do banco.
Na quinta-feira foram selecionados os potenciais investidores que, tendo submetido intenções de aquisição indicativas, foram admitidos a participar no processo de aquisição do BCA, referiu fonte da Caixa.
Após a publicação da Resolução do Conselho de Ministros em Diário da República, que se prevê que ocorra nos próximos dias, “os investidores selecionados serão convidados a desenvolver diligências informativas, sendo-lhes dado acesso a informação adicional sobre o ativo, por forma a procederem à apresentação de propostas vinculativas de aquisição das ações durante o 4º trimestre do ano”, segundo fonte da CGD.
No comunicado do Conselho de Ministros é dito que "foi aprovada a resolução que seleciona os potenciais investidores a participarem no processo de alienação das participações sociais detidas pela Caixa Geral de Depósitos no capital social do Banco Comercial do Atlântico [BCA] e que aprova o caderno de encargos que define as condições específicas aplicáveis à venda".
Em julho, o presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) disse que existiam "alguns interessados" e que esperava a autorização do Governo para continuar com o processo de venda.
A CGD, detida pelo Estado português, anunciou em 2019 um processo de venda da participação no BCA, no âmbito do plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia, optando por ficar no mercado cabo-verdiano apenas com o Banco Interatlântico, mas a pandemia de Covid-19 acabou por condicionar todo o processo, que não avançou.
Através do Banco Interatlântico, que detém igualmente em Cabo Verde, a CGD controla 52,65% do BCA, ao que se soma uma participação própria de 6,76%. O maior banco de Cabo Verde, e que a Caixa Geral de Depósitos quer vender, registou lucros recorde de 16,3 milhões de euros em 2022, segundo o relatório e contas consultado pela Lusa.
A Caixa vai manter-se no mercado caboverdiano, mas apenas com o Banco Interatlântico.