A economia portuguesa continua a surpreender pela positiva, dando sequência ao forte crescimento de 2023 com um avanço do PIB acima do esperado no primeiro trimestre deste ano que merece o destaque do CaixaBank. Analistas do banco espanhol admitem que os 0,7% de crescimento nos primeiros três meses do ano superam as expectativas e, como tal, podem sinalizar um ano mais forte do que se antecipava.
A unidade de pesquisa macroeconómica do espanhol CaixaBank apontava a um crescimento de 0,4% para a economia portuguesa no primeiro trimestre deste ano, mas a realidade demonstrou uma evolução significativamente mais favorável: o PIB avançou 0,7% em cadeia, quase duplicando a previsão. Em termos homólogos, o crescimento foi de 1,4%, mais baixo do que os 2,1% do último trimestre de 2023, mas acima da média europeia.
Perante este resultado, o CaixaBank reconhece que os riscos ascendentes à previsão de 1,6% para o ano de 2024 são claros – ou seja, a economia nacional pode mesmo crescer acima deste valor.
“Este crescimento excede a nossa previsão de 0,4% e, como tal, introduz riscos ascendentes à nossa projeção para o ano como um todo, que apontava até agora para 1,6%”, lê-se na nota do banco.
O consumo privado foi um dos principais motores da boa prestação económica portuguesa no arranque deste ano, mas a componente determinante foi mesmo a externa, identifica o banco. Em ambos os casos, a tendência de recuo da inflação deu uma ajuda importante, contribuindo para que estas duas componentes mais que compensassem a fragilidade do investimento, que continua a pesar na atividade em Portugal.
Um elemento-chave da componente externa nacional é o turismo. Enquanto a balança de bens é estrutural e cronicamente deficitária para Portugal, a de serviços tem registado excedentes recorrentes e assinaláveis, ajudando o PIB do país. O primeiro trimestre do sector turístico foi positivamente influenciado pela época da Páscoa, “enquanto no ano passado esta calhou em abril” e, portanto, contribuiu apenas para os números do segundo trimestre.
Tal ajuda a explicar os acréscimos de 7,7% no número de hóspedes e 7,1% no número de noites em alojamentos nacionais, com destaque para o maior aumento do lado dos turistas não-residentes.
Ainda assim, também do lado do comércio internacional de bens o défice caiu no primeiro trimestre, reduzindo-se 12%. De notar que “a redução deveu-se sobretudo à fraqueza das importações, que têm sido contidas pela correção dos preços da energia”, sublinha o banco.