Skip to main content

Brasileiros do Banco Master acordam compra do BNI Europa

Não há duas sem três. Depois dos processos de venda falhados com os chineses da KWG e com os espanhóis da Altarius Capital, há um novo comprador para o banco: os brasileiros do Banco Master.

À terceira é de vez? Depois de duas tentativas falhadas– os chineses da KWG em 2019 e os espanhóis da Altarius Capital, já este ano – está encontrado o novo comprador para o BNI Europa. O banco português – detido pelo BNI Angola, de Mário Palhares – é alvo de um acordo de compra por parte dos brasileiros do Banco Master (nova designação do Banco Máxima, uma instituição financeira com um percurso de quase 50 anos).

O acordo terá ainda de passar pelo crivo do supervisor português e pelo BCE. No entanto, o facto de se tratar de um banco – e não um fundo, como acontecia com o Altarius, o anterior interessado – é visto como um factor positivo no momento da aprovação do processo.

O JE questionou o Banco Master e o BNI Europa sobre vários pormenores relacionados com o acordo. O banco português preferiu não fazer comentários, enquanto a instituição brasileira remeteu respostas para mais tarde, mas que não chegaram até ao momento do fecho desta edição.

O Banco Master, cujo presidente é Daniel Vorcaro, representa uma nova etapa, com nova marca e estratégia, do Banco Máxima, uma instituição com quase 50 anos de presença no mercado brasileiro, mas mais virado para o crédito imobiliário. Com nova estrutura acionista e nova gestão (desde 2018), o Master tornou-se num banco digital e aposta agora no crédito pessoal e na banca de investimento, com operações focadas no Norte e Nordeste do Brasil.

A concretizar-se a compra será o fim de um longo processo de venda, que começou em 2019, com o interesse da KWG. Nessa altura, o Banco Central Europeu (BCE) chegou a conceder autorização para a venda de 80,1% do banco português ao grupo chinês. O negócio acabaria por cair no ano passado, quando o comprador desistiu da aquisição, justificando a sua decisão com o contexto de pandemia.

Já em abril/maio deste ano, a gestora de ativos Altarius Capital – entidade britânica com sede em Gibraltar e gerida por uma equipa de administradores espanhóis – chegou a acordo para ficar com o BNI Europa. Mas o negócio fracassou depois de vários meses de troca de propostas. A versão, ainda que prestada oficiosamente por elementos ligados a ambos os lados, é que as partes não chegaram a acordo acerca dos valores finais.

No entanto, fontes ligadas ao processo relataram ao JE outro tipo de questões, tais como como a complicada estrutura de aquisição que estava a ser proposta pela Altarius, que poderia levantar dúvidas sobre quem, de facto, acabaria por ser o beneficiário último da posição maioritária do BNI Europa. O JE sabe ainda que o Banco de Portugal fez um extenso conjunto de perguntas sobre o negócio, pedindo elementos adicionais. Algo que terá levado a Altarius Capital a concluir que muito dificilmente conseguiria comprar o banco.

A expectativa é que, neste acordo com o Banco Master, existam menos obstáculos regulatórios, devido à natureza mais direta do modelo de venda e pelo facto de o comprador ser um banco.

O atraso no processo de venda do BNI Europa tem obrigado o seu acionista angolano a injectar re- correntemente capital no banco português.

Em 2019, o BNI Angola foi chamado a subscrever um aumento de capital de 8,3 milhões de euros. No ano passado, em julho, já depois da desistência da KWG, o banco realizou um novo aumento de capital de três milhões de euros.

Os angolanos do BNI, do qual Mário Palhares é acionista com 28,3%, voltaram a injetar mais quatro milhões de euros num aumento de capital do BNI Europa, em fevereiro deste ano.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes, faça login ou subscreva o Jornal Económico