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Biden convoca países amigos do Pacífico para a ‘’guerrilha’ com a China

Presidente dos Estados Unidos quer reforçar investimento e laços diplomáticos com as nações insulares. Primeiro-ministro das Ilhas Salomão, que se aproximou de Pequim nos últimos anos, rejeita convite.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, organiza em Washington a partir desta segunda-feira uma cimeira de três dias com alguns líderes políticos de países insulares do Pacífico Sul. A intenção é, por um lado, cimentar a influência dos Estados Unidos na região e, por outro, manter a China sob pressão no quadro da ‘guerrilha’ que a Casa Branca mantém com Pequim desde há vários anos.

Citada pela "Reuters", a administração Biden informou que a cimeira terá como grandes temas o crescimento económico, as alterações climáticas, o desenvolvimento sustentável e o combate à pesca ilegal – uma agende oficial que esconde, ou tenta esconder, a verdadeira motivação do encontro.

É a segunda cimeira do género organizada com líderes das ilhas do Pacífico, parte de uma ofensiva de charme dos Estados Unidos para bloquear novas incursões chinesas numa região estratégica que Washington há muito considera ‘sua’.

Durante a reunião de três dias, os Estados Unidos anunciarão, segundo a imprensa norte-americana, o reconhecimento diplomático para duas ilhas do Pacífico, prometerão novos financiamentos para infraestrutura, incluindo melhorar a conetividade à Internet por meio de cabos submarinos, e homenagearão líderes regionais com um jogo da NFL. Os Estados Unidos também reconhecerão oficialmente as Ilhas Cook e outra pequena nação, Niue, presente pela primeira vez na cimeira.

Biden realizou uma cimeira com os ilhéus na Casa Branca há um ano e deveria encontrá-los novamente em Papua Nova Guiné em maio passado, mas teve de abandonar o plano depois da eclosão da crise do teto da dívida, que forçou Biden a interromper uma viagem à Ásia.

Na cimeira do ano passado com 14 nações insulares do Pacífico, o governo Biden prometeu ajudar os ilhéus a defenderem da "coerção económica" da China e o fortalecimento dos laços com os Estados Unidos.

O primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, que aprofundou os laços do seu país com a China, não participará na cimeira. Um alto funcionário do governo Biden disse, citado ainda pela Reuters, que os Estados Unidos estavam "desapontados" com a decisão de Sogavare. Washington não fez progressos no financiamento de infraestruturas e Sogavare acabou por virar as atenções para a China, que visitou em julho, anunciando um acordo de com Pequim na área da segurança.

Em 2022, a Casa Branca disse que os Estados Unidos investiriam mais de 810 milhões de dólares em programas de ajuda às ilhas do Pacífico. Meg Keen, diretora de Programas das Ilhas do Pacífico do Instituto Lowy da Austrália, disse, citada pela mesma fonte, que, embora os Estados Unidos tenham aberto novas embaixadas da USAID na região desde a cimeira do ano passado, o Congresso ainda não aprovou os fundos.

E acrescentou que os países insulares do Pacífico "saúdam o reengajamento dos Estados Unidos com a região, mas não querem que disputas geopolíticas resultem numa escalada de militarização".