Skip to main content

Bial quer aumentar exposição internacional, que representa três quartos do negócio

Os mercados internacionais já representam cerca de 75% do total do volume de negócios da empresa, mas a farmacêutica não quer ficar por aí. O ministro da Economia e o Presidente da República estiveram presentes nos 100 anos da empresa.

Cem anos depois da sua fundação, a Bial, a maior farmacêutica portuguesa, responde por por um investimento de mais de 20% da sua faturação anual para I&D, centrada nas neurociências e nas doenças raras, reforçando a sua presença internacional, nomeadamente na Europa e nos mercados farmacêuticos de maior relevância, caso dos EUA, da China e do Japão. As vendas nos mercados internacionais, em cerca de 50 países, representam 75% da faturação da empresa, que em 2023 atingiu os 340 milhões de euros – e a intenção da administração liderada por António Portela é a de reforçar ainda mais a componente internacional.

Na abertura do seminário que marcou a comemoração do centenário da empresa, António Portela, o seu CEO, disse que a função da Bial é ser “uma empresa global” com uma palavra a dizer na área sempre distintiva da investigação e desenvolvimento, única forma de manter a organização na linha da frente de uma indústria particularmente exigente em termos de concorrência.

Recordando que a aposta na I&D “é uma decisão com 30 anos” e que só foi se tornou vencedora “porque o país acreditou em nós”, o CEO da Bial disse que a empresa que dirige é “a primeira na área da saúde em termos de investimento em I&D” na sua área de atuação. As doenças raras são o seu foco central – e o centro que a empresa assegura nos Estados Unidos tem nesse quadro uma função central.

Pedro Reis, ministro da Economia, também presente no evento, disse que “é possível haver mais ‘biais’”. “Acredito que vai haver mais ‘biais’”, sublinhou, apontando que, para isso, o que é preciso foco “na internacionalização, na inovação, na captação de talento e de investimento externo”. Foco, portanto, disse, “em todas as frentes que permitam construir uma melhor proposta de valor da economia”. Que passa por “uma fiscalidade mais amiga das empresas”, mas também por um conjunto de infraestruturas, nomeadamente energéticas”, que sirvam de esteio ao desenvolvimento. O ataque à burocracia, afirmou, é uma das vias para essa estratégia mais vasta.

Para Pedro Reis, “a inovação deve ser a identidade da economia do país” – área especialmente sensível para a Bial – sendo essa uma das alavancas da captação de investimento externo. Mas “o capital mais importante é o capital humano”, repetiu, “identificando as competências que fazem falta a cada sector” para o país saber onde ir buscar quem falta. IAPMEI, AICEP e Turismo de Portugal são, neste quadro, instrumentos fundamentais para o desenvolvimento dessa estratégia. “A reindustrialização da economia do país” é o fito no limite do horizonte. “Vejo-nos muito como o Ministério das Empresas!”, disse Pedro Reis, afirmando que “é possível relançar o desenvolvimento da economia”.

Entretanto, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou esta terça-feira o colaborador mais antigo da maior farmacêutica portuguesa. A distinção foi entregue no âmbito das comemorações dos 100 anos do laboratório, no dia em que se realiza a conferência BIAL 100 Years – Shaping the future, na Fundação Serralves (Porto).

Marcelo Rebelo de Sousa visitou as instalações da empresa e condecorou Alfredo Ferreira, que está há 38 anos a desempenhar funções. Alfredo Ferreira é operador de produção e trabalha na área industrial, na embalagem.

Após visita às instalações da farmacêutica, o Presidente da República agradeceu o “trabalho conjunto dos colaboradores” e salientou que “são a força desta empresa”. Acrescentou ainda que “Portugal deve à Bial a saúde dos portugueses”. A distinção reflete o reconhecimento da Presidência da República pelo trabalho do primeiro grupo farmacêutico nacional a disponibilizar no mercado moléculas de investigação própria e de patente nacional e o que, ao longo dos anos, tem contribuído para os setores da saúde e económico através da forte aposta em I&D.

A visita do Presidente da República decorreu no âmbito das comemorações dos 100 anos da empresa com a conferência Bial 100 Years – Shaping the future que decorreu na Fundação Serralves. No evento foram analisados os desafios que se colocam a Portugal e ao mundo, nomeadamente nas vertentes económica, social, política e da saúde ­– no que contou com as participações de António Vitorino, antigo diretor geral da Organização Internacional para as Migrações, Luís Portela, presidente da Fundação Bial e António Horta Osório, chairman da empresa.

Ainda no âmbito do centenário da empresa, o parlamento aprovou na passada semana um voto de saudação apresentado pelo presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco.

Além da conferencia, a Bial tem comemorado o centenário desde janeiro de 2024 com diversas iniciativas. A empresa apresentou uma imagem e assinatura renovadas e alusivas à data, que visam refletir o percurso da farmacêutica. ‘Inspired by the future’ traduz o posicionamento ao longo dos anos, em que sempre perspetivou o futuro, nomeadamente com a aposta num projeto de I&D. Está também a produzir um documentário que, tendo como fio condutor a evolução da própria empresa, não deixará de expressar todos os contextos políticos, sociais, económicos e científicos em que a mesma se desenvolveu. Está também online um site dedicado ao centenário, em www.bial100years.com, com destaques sobre a história da empresa, assim como sobre os principais eventos que têm sido organizados para assinalar este marco.

A farmacêutica nasceu em abril de 1924, no centro do Porto, fundada por Álvaro Portela, a Bial a primeira e é a única farmacêutica com medicamentos de investigação própria e de patente nacional comercializados. O Zebinix (acetato de eslicarbazepina), direcionado para o tratamento da epilepsia, desde o seu lançamento, em 2009, impactou já a vida de 800 000 doentes. Em 2016, a BIAL lançou o seu medicamento para a Doença de Parkinson, Ongentys (opicapona), que é comercializado em vários países europeus, EUA, Japão ou Austrália, entre muitos outros mercados, e que anualmente chega a mais de 85 mil pacientes, segundo dados da própria empresa.