Uma das consequências mais devastadoras da política norte-americana de afrontamento da China em todos os palcos onde isso lhe seja possível foi induzir no regime de Pequim a certeza de que, ao contrário do que eventualmente chegou a supor (pelo menos Deng Xiaoping supôs), um mundo pacífico é uma quimera onde os gurus da geoestratégia se sentem pouco à vontade. No limite, atirá-los-ia para a maçadora situação de desempregados de longa duração. Ao cabo de duas décadas de enriquecimento, a China viu-se obrigada a ‘puxar dos seus galões’ e ir à luta. Há ‘um antes e um depois’ da decisão do Irão e da Arábia Saudita estabelecerem relações diplomáticas: depois dessa decisão, a China (autora da envolvente que a determinou) mostrou que não anda nestas coisas a soldo de ninguém e tem condições, subtilezas e apetrechos para pelejar duramente. Tem desde logo uma vantagem: uma estratégia internacional precisa de serenidade, confiabilidade, perenidade e paciência. Dito de outra forma: não precisa para nada de democracia – no caso, só empecilha.