Bashar Al Assad, o presidente sírio deposto há cerca de duas semanas, terá enviado aproximadamente 250 milhões de dólares em dinheiro para Moscovo entre 2018 e 2019 (em dólares americanos e euros), de acordo com um relatório do “Financial Times”. Os registros indicam que o Banco Central da Síria facilitou as transferências em dinheiro vivo, via Aeroporto de Vnukovo, em Moscovo – para a Russian Financial Corporation Bank (RFK), controlada pela Rosoboronexport, a empresa estatal de exportação de armas.
As transferências ocorreram durante um período crítico, quando a assistência militar russa foi fundamental para estabilizar o regime de Bashar al-Assad e controlar as forças rebeldes na Síria – que acabaram por tomar o poder no país no início de dezembro.
A natureza incomum das transações, destaca o jornal, coloca em evidência como a Rússia se tornou um destino importante para o fluxo de caixa da Síria à medida que as sanções ocidentais contra o regime de al-Assad se intensificaram.
Registros russos analisados pelo “Financial Times” revelam exportações regulares para a Síria, incluindo remessas de notas novas sírias vindas da gráfica estatal Goznak e de componentes militares de reposição para o Ministério da Defesa da Síria. Apesar da devastação causada por anos de conflito civil na Síria (desde 2011) e na Ásia Ocidental, Assad e os seus próximos mantiveram o controle sobre setores críticos da economia da Síria. A ex-primeira-dama, Asma al-Assad, ex-associada do banco norte-americano JP Morgan, desempenhou um papel fundamental na influência da ajuda internacional, para além de supostamente liderar uma espécie de conselho econômico presidencial secreto. O tráfico internacional de drogas e operações de contrabando de combustível também fazem parte das denúncias do relatório.
O documento indica ainda que, à medida que as instituições financeiras sírias buscavam refúgio na Rússia, o Irão também emergiu como um aliado crucial, estabelecendo mecanismos para fornecimento de moeda forte ao governo al-Assad. Um exemplo claro da devassa está centrado em Yassar Ibrahim, o conselheiro econômico dos mais próximos de al-Assad, que, juntamente com uma irmã, é acionista da empresa libanesa Hokoul SAL Offshore. De acordo com o Tesouro dos Estados Unidos, a empresa é dirigida pela Quds, a força militar do Corpo da Guarda Revolucionária do Irão, e pelo Hezbollah, e movimentava centenas de milhões de dólares em benefício do regime de al-Assad, conclui o relatório.