A digitalização, a consolidação bancária e a inteligência artificial poderão criar uma espécie de “tempestade perfeita” no sector financeiro com as consequências a repercutirem-se nos trabalhadores que, face à conjunção destes fatores, serão tendencialmente menos “dentro de quatro anos”. Esta foi uma das reflexões mais significativas que foram expressas na “1ª Grande Conferência do Sindicalismo Moderno” que teve lugar a 5 de junho em Lisboa, um evento que debateu os desafios do sindicalismo moderno e que marcou também os 40 anos do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), com a presença de especialistas nacionais e internacionais para além do testemunho de Paulo Gonçalves Marcos, presidente da direção do SNQTB e do Conselho Diretivo da União dos Sindicatos Independentes. Da digitalização à agenda do trabalho digno passando pela inteligência artificial, foram vários os temas debatidos por Maxime Legrand, presidente da Confederação Europeia de Quadros e da Federação Europeia dos Quadros das Instituições de Crédito de França; Mafalda Troncho, diretora da Organização Internacional do Trabalho para Portugal e Jorge Aranda Bernal, presidente da Associação de Quadros da Banca em Espanha. Estes especialistas deram ainda a sua perspetiva sobre experiências sindicais no contexto europeu, num debate moderado pelo JE onde ficou expresso que existe muito trabalho por fazer ao nível da regulação em temas como o teletrabalho e o direito à desconexão com uma tónica de esperança de que os bons resultados dos bancos no arranque de 2023 (só em Portugal os sete maiores bancos registaram lucros de 1.050 milhões de euros no primeiro trimestre) possam traduzir-se em aumentos de salários para os trabalhadores. Paulo Gonçalves Marcos defendeu uma reformulação na forma de atuar da Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho no que concerne ao diálogo social. “A DGERT foi criada para fomentar o diálogo social mas deveria haver uma reformulação da sua atuação”, desafiou este dirigente.