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Axians diz que tecnologias digitais têm papel preponderante na defesa da biodiversidade

Pedro Faustino, managing director da Axians Portugal, tecnológica que fez a plataforma digital Reservas da Biosfera de Portugal, defende ao JE que os ecossistemas e o homem têm de seguir um caminho integrado e a tecnologia tem um papel decisivo neste processo. As 12 Reservas da Biosfera são territórios que privilegiam o desenvolvimento sustentável.

Axians, marca do grupo da VINCI Energies dedicada às Tecnologias de Informação e Comunicação, é a tecnológica por detrás da plataforma digital Reservas da Biosfera de Portugal que dá rosto ao projeto liderado por Fernada Rollo, historiadora e antiga secretaria de Estado do Ensino Superior, na Faculdade de Ciências Socias e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, Fernanda Rollo, e Helena Freitas, coordenadora da Cátedra da UNESCO para Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, na Universidade de Coimbra.

As chamadas 'tecnologias do mundo digital' podem, de facto, ter um papel relevantíssimo na preservação dos ecossistemas e proteção da biodiversidade”, afirma Pedro Faustino, managing director da Axians Portugal, ao Jornal Económico.  

Defendendo que a proteção da natureza tem de andar de mão dada com as pessoas, justifica: “Não é simplesmente possível proteger um ecossistema natural de forma sustentada se não for possível que, dessa proteção, resulte um desenvolvimento económico e social integrado”.

As Reservas da Biosfera, reconhecidas pela UNESCO, são territórios que se distinguem pela singularidade do seu património natural e cultural. São territórios que privilegiam o desenvolvimento sustentável e que "conciliam a vida e a atividade das populações com a conservação dos valores naturais locais". Para valorizar as 12 reservas portuguesas da biosfera, com 1.940.212 hectares e que impactam 283.960 residentes, foi desenhada a plataforma digital colaborativa Reservas da Biosfera.

Há três boas razões para o papel relevante das tecnologias na preservação dos ecossistemas, adianta Pedro Faustino.

Primeira: Recolha, análise e processamento da informação. A tecnologia de sensorização está hoje de tal forma desenvolvida que é possível recolher quase todo o tipo de informação em tempo real sobre o comportamento dos ecossistemas naturais. Por outro lado, a capacidade de processamento e armazenamento de informação (centralizada ou dispersa em sistemas de processamento colaborativo) é de tal forma que a ciência tem ao dispor (e terá muito mais no futuro próximo) ferramentas com uma capacidade inimaginável até há poucos anos atrás.

“Estes recursos, aliados à tecnologia que passamos a conhecer como inteligência artificial generativa (Generative AI), podem, quando colocados aos dispor da preservação dos ecosistemas e proteção da biodiversidade, acelerar muito o nosso conhecimento científico e encontrar respostas novas”, adianta.

A divulgação de conhecimento e comunicação é a segunda grande razão apontada pelo gestor. No “mundo digital” existem, explica, “plataformas que mudaram em todo o mundo os nossos hábitos de consumo de informação. Falo das redes sociais e das plataformas de media digital. Essas plataformas, quando bem utilizadas, podem ser uma ferramenta muitíssimo potente para a divulgação da importância urgente e imperiosa da proteção da biodiversidade no planeta, e assim influenciar a alteração de comportamentos das nossas comunidades”. E a alteração desses comportamentos é essencial…

A terceira é a colaboração. “Mudar a tendência de degradação dos ecossistemas tem que ser um esforço colaborativo”, afirma, explicando que, em primeiro lugar, deve ser um esforço colaborativo local dentro da comunidade de proximidade de cada ecossistema (e nesse sentido o projeto das Reservas da Biosfera da UNESCO é um excelente exemplo de colaboração)”. Na área de influência de qualquer ecossistema natural coexiste hoje atividade humana (mais ou menos sobreposta aos recursos naturais): demografia, dinâmica económica, agentes públicos e privados, etc. Portanto, sem o envolvimento das pessoas e sem que seja garantida as suas vidas.

No discurso da sustentabilidade, a biodiversidade tem estado até agora no papel, mas há sinais de que algo esteja a mudar. O Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável – BCSD Portugal inclui-a na lista das 12 tendências para 2024. E, como o JE noticiou, na recente conferência anual deste organismo, especialistas comungaram da perspetiva de que é preciso ir além do carbono e começar a integrar efetivamente a biodiversidade nas estratégias de negócio das empresas. A tecnologia tem um papel fundamental neste processo.