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AWS diz que Portugal “está num caminho fantástico”

A empresa de computação na nuvem do grupo Amazon prevê que o investimento de 2,5 mil milhões em Espanha também seja benéfico para o mercado português.

Las Vegas voltou esta semana a ser palco do evento anual de cloud computing da Amazon Web Services (AWS), onde mais de 200 empresas estiveram presentes com expositores, entre as quais a portuguesa Outsystems, que regressou a Nevada para garantir que a empresa de computação na nuvem do grupo Amazon é hoje o seu maior parceiro tecnológico (ler entrevista em www.jornaleconomico.pt). A febre da cidade do espetáculos e casinos sentiu-se nos corredores do re:Invent, por onde passaram cerca de 27 mil pessoas para fechar negócios, apresentar-se à comunidade tecnológica, aprender (mais) sobre cloud ou ouvir os gurus do sector.

Em entrevista ao Jornal Económico (JE), o primeiro jornal português a estar presente no re:Invent em dez anos de conferência, o diretor geral da AWS para a Península Ibérica garante que “Portugal está num caminho fantástico e os seis unicórnios são a prova disso mesmo”. “Temos o escritório [em Lisboa] desde 2018 e tem corrido muito bem com a colaboração tanto com as startups em Portugal, através da Startup Lisboa, como com as diferentes subsidiárias”, assegurou Miguel Alava.

A AWS tem em mãos um plano megalómano para Espanha, de 2,5 mil milhões de euros a dez anos, que deverá estar operacional em meados de 2022 e que, segundo o responsável pelo mercado ibérico, também beneficiará Portugal. Em causa está uma nova região europeia de infraestruturas com centros de processamento de dados, em Aragão, que se estima que aumente o PIB do país vizinho em aproximadamente 1,8 mil milhões de euros e crie 1.300 novos empregos na próxima década.

“O que queremos, em toda a Península Ibérica, é que sirva de dinamizador que ajude a impulsionar tudo o que é a economia e a sociedade digital tanto em Espanha como em Portugal. Em Espanha temos a vantagem de ter a soberania dos dados, porque é em território espanhol, e em Portugal temos a vantagem da baixa latência, por estar mais perto, o que é importante para clientes em jogos como a Miniclip. A partir daí há mais parceiros, mais inovação, mais desenvolvimento, mais unicórnios”, defendeu Miguel Alava.

O diretor geral da AWS para a Península Ibérica considera que agilidade é a única vantagem competitiva e sustentável das empresas. “Qualquer outra vantagem competitiva de negócio pode ser copiada ou simulada, mas a agilidade impulsionada pela inovação e tecnologia é a única competitiva para as organizações”, explica. Na opinião da AWS, a Farfetch, Talkdesk, OutSystems, Feedzai, Remote e Sword Health “são empresas que tiveram os recursos quando precisavam e na quantidade necessária, algo que atualmente não é compatível com o modelo de centro de dados físico”. “Não tiveram que adiantar dinheiro. À medida que iam crescendo iam pagando pela utilização [da tecnologia]. É muito importante para a inovação”, ressalva.

Miguel Alava diz que a transformação se faz através de três pontos essenciais e transversais a todos os CEO: haver um alinhamento muito claro entre a tecnologia e o negócio da empresa (não se podem separar as águas porque há muito que deixaram de ser dissociáveis), estabelecer metas concretas e ambiciosas e formar os trabalhadores. “Ao migrar para a cloud temos que perceber que há uma quebra no status quo. É sempre mais fácil fazer o que sempre foi feito sem mudar nada, mas há que fazer a mudança nas organizações e as organizações não se mudam aos poucos, mudam-se com objetivos agressivos, de curto prazo, que são muito exigentes. A General Electric definiu que iria mudar aplicações em 60 dias, um objetivo muito claro que ajuda a mobilizar”, exemplificou ao JE

A multinacional norte-americana, que só em 2020 lançou 2.757 novos serviços ou funcionalidades relacionadas com a cloud, conta em Portugal com clientes como EDP, Galp Energia, Feedzai, Globalvia, Impresa, Federação Portuguesa de Futebol, Jumia, Lusiaves, Prodsmart, Unbabel, Uniplaces ou entidades públicas como as câmaras municipais do Porto e de Cascais ou o Ministério da Educação. O grupo espanhol Meliá, que está a construir uma unidade hoteleira em Lisboa, também foi um dos destaques em Terras de Tio Sam, por ter implementado processos digitais mesmo antes da pandemia, à base de inteligência artificial. A cadeia de hotéis, que poupou 58% dos custos com a passagem para a nuvem, tem uma aplicação móvel com software de reconhecimento facial e digitalização de documentos de identidade que permitem reconhecem o cliente que reservou o quarto e acelerar o check-in.

“Não existe nenhum sector que não melhore com uma gestão de dados mais eficiente. Muitas empresas estão a perceber que os dados têm um valor que não tinham explorado antes e isso lhes pode dar oportunidades que não estavam a aproveitar: de negócio, de melhoria, de conhecimento do cliente. Todas as indústrias e empresas beneficiam com a adoção de cloud”, conclui Miguel Alava.

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