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Autarquias desembolsam mais de 40 milhões para celebrar o Natal

Analisámos a base de dados da contratação pública e contabilizámos todos os custos desta época festiva. O Pai Natal fez os municípios abrirem os cordões à bolsa: iluminação, carrosséis, pistas de gelo, casas de Pai Natal, feiras, mercados, circo, espetáculos, segurança e animações de rua. No total, o seu saco, além de prendas, já levou mais de 40 milhões de euros dos cofres municipais.

O Natal é mágico, sem dúvida, uma das épocas mais aguardadas do ano, trazendo consigo luzes coloridas, animação, mercados e atrações para famílias e turistas. Mas quanto custam estas celebrações aos cofres dos municípios? Dados de contratos públicos divulgados no Base.gov.pt mostram que as câmaras municipais estão a investir somas significativas para garantir uma programação animada em 2025. Tudo somado, já ultrapassou os 40 milhões de euros.

Só a iluminação já vai nos 11 milhões de euros, isto porque não basta pendurar as luzes nas avenidas ou decorar algum monumento: o valor engloba montagem, desmontagem e, muitas vezes, aquisição de novos materiais. Este custo é sempre tema de conversa, especialmente porque é a parte mais visível para quem circula pelas ruas e avenidas. O portal Base tem tudo discriminado e há contratos para todos os gostos, desde os 10 mil euros até 600 mil euros.

Lisboa, por exemplo, destinou cerca de 750 mil euros para iluminar ruas e praças, incluindo decorações LED e videomapping em vários pontos da cidade. No Porto, o investimento rondou os 700 mil euros, com destaque para as luzes no centro histórico e zonas turísticas. Braga investiu aproximadamente 200 mil euros, assim como o Seixal (220.750 euros). Já Matosinhos pagou (307 mil euros), Gondomar (230 mil euros) e Famalicão (245 mil euros). A lista continua, mas as luzes são apenas uma das parcelas do cardápio natalício. A ementa é bem mais recheada.

Outras atrações somam milhões e dão um brilho extra a esta época festiva. As despesas agrupam-se em várias categorias: animação e eventos de natal, onde se incluem pistas de gelo, carrosséis, aldeias de Natal, animações de rua, teatros, circo, vigilância, casas do Pai Natal, comboios de Natal, algumas infraestruturas e produção variada. Depois, há outras despesas, como a iluminação já mencionada acima, bolos-rei, livros para oferta, presentes, transporte de seniores para algumas atividades, cartões-presentes, jantares para colaboradores e festas de Natal para os filhos de funcionários. A lista é grande e variada.

Mas quanto custa animar a festa do Pai Natal?

O rol de despesas com eventos de Natal partilhado no portal Base.pt é extenso — eram 46 páginas à data de 22 de dezembro, no dia 23 já ia nas 48 — e inclui os valores atribuídos a iniciativas por todo o país. Fizemos uma seleção aleatória para exemplificar quanto podem custar às autarquias estas animações. Assim, quando passear pela cidade já consegue ter uma ideia do montante gasto pelo município. Vamos a números. A título de exemplo, o comboio turístico das Caldas da Rainha custou 9.690 euros, mas o de Aguiar da Beira ficou por 19.950 euros, enquanto o camião de Natal em Tondela rondou os 11.500 euros. O presépio de Campolide teve um gasto de 11.420 euros. Já os preços das casas do Pai Natal variam. O Montijo gastou 12.280 euros, enquanto na Sertã o aluguer de uma casa com trenó custou 14.350 euros.

Em Lisboa, a famosa Wonderland também aparece no documento. A aquisição da Prestação de Serviços de Ativação da Marca “Lisboa” na quadra natalícia 2025 na cidade das sete colinas teve um custo de 19.965 euros. Entre rodas-gigantes, concertos e aldeias de Natal, os valores continuam a subir: a roda-gigante de Santarém foi adjudicada por 20.325 euros; o concerto de Natal em Odivelas, 54.000 euros; a vila natal de Vila Real de Santo António atingiu 74.937 euros; Castelo Branco apostou numa pista de gelo natural de 87.000 euros; o espetáculo “Fábrica de Natal” em Sintra custou 105.800 euros; e a aldeia de Natal do Seixal chegou aos 220.800 euros.

A arte circense e outras animações também aparecem nas despesas. O Circo Coliseu do Porto custou 218 mil euros, enquanto Mafra investiu 45 mil euros em animação circense. Mirandela desembolsou 157 mil euros no seu Jardim de Natal; Monchique, 38.318 euros no seu mercado; e Lagoa, 198 mil euros no evento “Lagoa Natal”. O comboio de Natal da Ribeira Grande custou 26 mil euros; a produção da Oficina do Pai Natal em Aveiro, 146 mil euros; a Aldeia de Natal da Trofa, 195 mil euros; e os espetáculos em Loulé atingiram 252 mil euros. Em Guimarães, a iniciativa “Cidade Natal” rondou os 220 mil euros, enquanto Santo Tirso pagou 359.025 euros.

As cifras pesaram nos orçamentos em eventos como “Portimão, Um Sonho de Natal 2025”, que custou quase 400 mil euros, ou a produção do evento de Natal no município da Maia, que representou uma despesa de 364 mil euros. Em Vila Nova de Gaia, os concertos e espetáculos de Natal assumiram igualmente um peso significativo nas contas municipais, com valores que oscilaram entre os 218 mil e os 326 mil euros, aos quais acrescem ainda 123.888 euros destinados à Gaia Vila Natal. Mas há mais. Por exemplo, o evento “Famalicão – O Lugar de Natal 2025”, rondou os 166 mil euros, seguido do Mercado de Natal de Loures, que implicou uma despesa de 152 mil euros. Já a Aldeia de Natal do Funchal representou um encargo de 88.979,46 euros.

Outras despesas surgem ainda o “Natal Romântico”, no Palácio da Pena, com um custo de 73.500 euros, os 37.400 euros gastos em neve artificial para a Vila Natal de Óbidos, os 18.400 euros aplicados em estátuas vivas de Natal no concelho de Lagoa e os 15.672 euros investidos em mupis publicitários para o “Natal Encantado”, nas Caldas da Rainha. Há muito mais para enumerar, mas a lista já vai extensa. Mas a verdade é que estas celebrações são mais do que simples números: representam experiências coletivas, memórias para famílias e turistas, e um impulso económico para diversas regiões. Embora o debate sobre o equilíbrio entre custos e benefícios continue, é inegável que o Natal mantém o seu poder de reunir pessoas e iluminar cidades, transformando cada investimento em brilho e magia para quem vive e visita estas localidades.