Um número agigantou-se nos últimos dias. Um milhão de portugueses enfrentam sozinhos a quarentena. Dá que pensar. Assim como os sentimentos que os tomam de assalto. Falam em nostalgia, solidão, tristeza. Saudade. Faltam os abraços. Os telefonemas não chegam. A concentração tarda. A ansiedade sobe para níveis insuportáveis. Alguém me diz: “Vive-se atrás da porta”. Visualizo a porta entreaberta num fundo azul-petróleo. Mostra uma gaivota a espreitar. A porta é negra e o interior luminoso. Ficamos sem saber se a porta se vai fechar a qualquer instante. No canto superior esquerdo uma gaivota voa...