A edição deste ano do Artes à Rua desdobra-se em 38 momentos e gira em torno de dois temas centrais: “A descolonização do pensamento” e “A igualdade de género”. Daí que se tenha convocado o Mundo para construir diálogos entre as mais diversas artes – música, dança, teatro, performance e novo circo – sem esquecer os podcasts ao vivo para agitar ainda mais a cidade.
Como do “vagar” se vai ao longe, para estar em sintonia com o mote de Évora Cidade Capital Europeia da Cultura em 2027, também aqui do vagar se parte para chegar a muitos “lugares”, como tradições, identidade, tendências estéticas, correntes musicais, partilha de experiências e aprendizagem conjunta.
A programação do Artes à Rua, aliás, é uma montra disso mesmo, mundo com mundos dentro, ponto de encontro de cerca de três centenas de artistas e convidados, oriundos do Afeganistão, Angola, Argentina, Brasil, Cabo Verde, Espanha (Galiza e País Basco), Guiné-Bissau, Mali, Moçambique e Portugal.
A 5ª edição do Artes à Rua dá o tiro de partida com os Gigabombos do Imaginário e Seven Dixie no dia 5 de setembro, às 10h30, no Jardim Público de Évora, dois eventos para toda a família, seguidos do espetáculo “Assim Devera Eu Ser”, com Catarina Moura, Celina da Piedade, Sara Vidal e Ricardo Silva, partindo de canções de Amália. E o primeiro dia só ficará completo com o podcast ao vivo sobre “TEMPO: Património Cultural, Natural, Humano e Material de Évora”, o concerto de Manuel Guerra no Pátio do INATEL e, mais tarde, no Jardim Público, atuam Oumou Sangaré e Celina da Piedade, e sua convidada Uxia. O serão estará por conta dos Yakuza.
O segundo dia do Artes à Rua, 6 de setembro, arranca com uma Oficina de Arte Rupestre dirigida aos mais novos, orientada pelo arqueólogo Mário Carvalho, no Alto de São Bento. Às 18h30, no Palácio D. Manuel, debate-se “Os Direitos LGBTQIA+ e o acesso às Artes”, que reúne à mesma mesa Ana Paula Amendoeira, Mara, Patrícia Correia Rico, Puta da Silva, com moderação de Rolando Galhardas. A noite começa com “Manifesto Funesto”, uma ópera eletrónica de Vanda R Rodrigues, libreto de Lígia Soares e música de Mestre André/ANTIPODA a. c.. E continua muita música, de Puta da Silva a Pedro Mafama, terminando com Balcan Selecta, por Pablo Vidal + Brass Artis.
E assim chegamos a 7 de setembro, dia em que o destaque vai para o final da tarde no Pátio do INATEL, que servirá de palco a “Verde mi sangre, rojo tus hojas”, dos La Barca, à brasileira Mallu Magalhães e, mais tarde, a Duarte, num espetáculo onde presta homenagem às mulheres que passaram pela sua vida, “No Lugar Dela(s)”.
Prepare-se para o novo circo, que ao quarto dia de festival dá o grito do Ipiranga com “Une Partie de soi”, da Companhia O Último Momento e do ‘maestro’ João Paulo Santos. Segue-se uma oficina musical dedica às “Músicas do mundo, Música da nossa infância” com Adenilda Munguambe, que antecede o Podcast ao vivo “Onde cabe a música no projecto da Lusofonia?”, às 17h00, nas Arcadas do Palácio D. Manuel, que tem como convidados Karyna Gomes (Guiné-Bissau), Nancy Vieira (Cabo Verde) e Roberto Chitsondzo (Moçambique).
E como a noite já cai mais cedo neste dealbar de setembro, mas continua a ser uma criança, o projeto Além Cabul – Duas Violas, que cruza o Afeganistão com Portugal, de RAIA e Ana Santos, com Fazel Sapand, Mili Vizcaíno, Samuel Santos, Tiago Rêgo e Vozes do Imaginário vai convocar as estrelas no Jardim Público de Évora, para o público aquecer antes das atuações de Nancy Vieira e da dupla Agnes e Rui Miguel Abreu, que vai fechar a noite com um DJ set.
O countdown prossegue, mas não sem antes os mais novos poderem participar na “Oficina de Placas de Xisto”, promovida por Ebora Megalithica no Centro Interpretativo do Cromeleque dos Almendres, em Guadalupe. Dia 9 de setembro, entre outras propostas, haverá espaço para os sons de África, com o espetáculo “Batida apresenta Neon Colonialismo”, de Angola, seguido de Super Mama Djombo com Karyna Gomes da Guiné-Bissau.
No último dia do Artes à Rua, Adenilda Munguambe regressa com Músicas do mundo, Música da nossa infância, os podcasts despedem-se em alta, debatendo “Évora 2027 e o papel dos festivais na transformação da vida”. E eis que o fim de tarde se aproxima e convida o corpo a balancear. Fica o convite, para acorrer ao Teatro Garcia de Resende, às 18h30, onde Jonas – depois do aclamado álbum “São Jorge” – vai reunir guitarras portuguesas, baixo e viola, voz e corpos em movimento, para apresentar “São Jorge Batido”. A sua mais recente criação, diz o artista, pretende “salienta a importância de se reconectar com a ancestralidade para sabermos um pouco melhor o que somos hoje”.
A noite de 10 de setembro estará por conta do coletivo Monda – ou chamando as pessoas pelos nomes, Jorge Roque na voz e guitarra, Pedro Zagalo nos teclados, Der Medinas no contrabaixo e baixo elétrico, Tiago Oliveira na guitarra clássica e João Ferreira na percussão criam os ritmos, melodias e harmonias que, antes de chegarem ao público, ainda passam pela mesa de som de Paulo Lopes. A febre da noite ainda promete subir quando ao grupo moçambicano Ghorwane 40 anos, que vai soltar em palco os ritmos da marrabenta ou do muthimba, se juntarem Gigabombos do Imaginário de Évora, Tozé Bexiga e Adenilda Munguambe.
O Artes à Rua é uma iniciativa da Câmara Municipal de Évora, Cidade Capital Europeia da Cultura em 2027, e todas as atividades são de entrada gratuita.