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Arranque da privatização da TAP derrapa para 2025

Negócios : A operação que todos os bancos de investimento e advogados esperam está atrasada e o mais provável é arrancar em 2025. O Caixa BI deverá ser um dos escolhidos para assessorar o negócio.

Chegou a ser projetada para arrancar ainda este ano, eventualmente em setembro, mas, segundo apurou o Jornal Económico (JE), o processo de privatização da TAP está muito atrasado e o mais provável é só arrancar em 2025. O calendário político, com a negociação difícil do Orçamento do Estado para o próximo ano, não ajuda a que o processo de privatização avance antes.


O Governo pretendia relançar a privatização da transportadora aérea já este ano, mas o modelo de venda da participação do Estado na empresa ainda não foi definido, apurou o JE.


A venda da companha liderada por Luís Rodrigues é uma das promessas que constam do programa do Governo de Luís Montenegro, juntamente com a localização do novo aeroporto de Lisboa, que já foi decidida, mas na lista de prioridades estabelecidas pelo Executivo da AD não está no topo. Pelo contrário.


O primeiro passo na empresa que agora pertence diretamente ao Estado, uma vez que a Parpública detém apenas uma participação de 1%, é escolher os assessores financeiros e jurídicos. Da lista é quase certo que constará o Caixa BI, banco de investimento da Caixa Geral de Depósitos. Mas incluirá assessores financeiros internacionais, até porque esta é uma operação que deverá ser apresentada a companhias aéreas internacionais, apesar de poder haver um consórcio português a formar-se para participar na privatização da TAP, que será naturalmente minoritário.


Tal como noticiou o JE, em cima da mesa estão duas hipóteses: o lançamento de um concurso público internacional e a venda direta com um procedimento competitivo. Esta última modalidade foi a opção do anterior Governo no processo lançado no ano passado, mas a escolha mais provável do novo Executivo para retomar a privatização da companhia deverá ser o concurso público internacional, como escreveu o JE.


Em maio, em entrevista ao jornal “Financial Times”, o presidente da TAP defendeu que o Estado deverá permanecer no capital da empresa na futura privatização e que gostaria de ver o negócio concluído até final de 2025. Luís Rodrigues revelou ainda que a operação deveria incluir investidores de outros sectores para mitigar as eventuais preocupações concorrenciais da Comissão Europeia, como aconteceu com a compra da ITA pela Lufthansa.


A percentagem a vender poderá ser inferior a 50%, para obter o acordo do principal partido da oposição, o PS.


Resta agora saber qual será o modelo de privatização escolhido e a posição que o acionista Estado pretende manter na companhia aérea, após, no final de outubro do ano passado, o Presidente da República ter devolvido ao anterior Governo o diploma de privatização da TAP.
O anterior processo de reprivatização arrancou em setembro do ano passado, quando o Governo socialista aprovou as condições da venda. O decreto-lei, vetado pelo Presidente, previa a venda de pelo menos 51% do capital da TAP, através de um processo competitivo de venda direta.


A companhia aérea é hoje lucrativa. A TAP registou lucros de 72,2 milhões no segundo trimestre deste ano, o que permitiu fechar o primeiro semestre com um resultado positivo de 400 mil euros, menos 98% que no mesmo período do ano anterior.


O endividamento líquido registou uma redução acentuada. A dívida da TAP manteve-se nos 1.441,7 milhões, mas o aumento do dinheiro em caixa, para o que contribuiu a injeção do Estado de 343 milhões de euros, contribuiu para uma descida de 59,1% da dívida financeira líquida, que no final de junho ascendia a 266 milhões.


A transportadora explicou que o resultado líquido foi “impactado por perdas cambiais originadas pela desvalorização do real brasileiro”. Mas face a 2019, existiu uma melhoria de 112,4 milhões de euros. As receitas operacionais ascenderam a 1.969 milhões entre janeiro e junho, mais 3,3% do que no primeiro semestre de 2023. Os gastos operacionais aumentaram 3,3% para 1.857,6 milhões, devido sobretudo ao crescimento de 35,2% dos custos com pessoal, para 380,1 milhões, devido ao fim dos cortes salariais e aos novos acordos de empresa.