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Argélia "está a desenvolver esforços para captar investimento direto estrangeiro", diz presidente da AEP

A Associação Empresarial de Portugal levou até àquele país do Magrebe um conjunto de empresas do sector da construção. Mas, para Luís Miguel Ribeiro, a importância da Argélia vai muito para além dele e pode ser uma excelente alternativa para a internacionalização das empresas portuguesas.

A Argélia “tem vindo a desenvolver esforços, durante os últimos anos, no sentido de adaptar o seu quadro legislativo às expectativas preconizadas pelas empresas internacionais interessadas em desenvolver operações de investimento direto estrangeiro (IDE) naquele país”, referiu ao Jornal Económico (JE) o presidente do conselho de administração da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Luís Miguel Ribeiro – a propósito da mais recente visita que o organismo que dirige organizou àquele país do Magrebe.

“Além da implementação de medidas para simplificar processos de tramitação e reduzir a burocracia, é notória a introdução de um conjunto de melhorias nos planos fiscal e financeiro, tendo como principal objetivo melhorar os índices de competitividade do país, nomeadamente na comparação com os mercados vizinhos”, adiantou. A visita organizada na passada semana cingiu-se ao sector da construção, mas as iniciativas argelinas em torno do IDE não são, evidentemente, restritas a essa área da atividade económica.

Com o Mediterrâneo como única fronteira entre a Argélia e Portugal, aquele país africano tem mais de 46 milhões de habitantes e um PIB per capita de acima dos 4.250 dólares. É a quarta maior economia africana e, apesar das políticas de diversificação industrial, a economia continua fortemente dependente da exportação de hidrocarbonetos (representa cerca de 90% do total), o que a torna muito vulnerável a fatores externos, particularmente aos preços internacionais destas commodities. É neste quadro que as alterações introduzidas e a introduzir nos processos de IDE contribuem para a criação de um ambiente que pode ser favorável à internacionalização das empresas portuguesas.

Depois de uma contração de 5,5% em 2020, a atividade económica tem vindo a recuperar gradualmente, sempre com valores próximos dos 4% ao ano, nomeadamente com o aumento da produção de gás para responder a uma maior procura por parte dos mercados europeus – que ‘figuram’ da Rússia. Outras áreas de atividade também deverão ter crescimentos assinaláveis, como a agricultura, construção e a indústria transformadora, refere a AEP. “Os planos estratégicos de investimento nas áreas da saúde, ambiente, turismo, agricultura, automóvel e energias renováveis poderão abrir novas oportunidades de negócio para as empresas portuguesas”, salienta.

O sector das obras públicas e construção civil continua a ser um dos principais vetores de desenvolvimento do país e foi nesse quadro que a AEP organizou a quinta participação nacional na Feira BATIMATEC 2024, que teve lugar em Argel entre 5 e 9 de maio.

Segundo disse a associação ao JE, “o balanço da participação é muito positivo, quer em número total de visitantes, quer em número de contactos efetuados pelas empresas participantes. Expectativas claramente superadas pelos expositores que fizeram parte da delegação nacional, na sua maioria já conhecedores do mercado”.

Segundo a mesma fonte, “o ambiente de negócios apresenta algumas melhorias, com destaque para a agilização na abertura e gestão das cartas de crédito, instrumento essencial para a concretização de negócios neste país”. “A Argélia apresenta um potencial económico extremamente significativo, dispondo de vastos recursos naturais e uma população consideravelmente jovem. É sem dúvida um mercado que deverá estar no radar das empresas portuguesas”.

A BATIMATEC, que celebrou a sua 26ª edição, destaca-se como o evento comercial mais destacado no sector da construção, constituindo uma porta significativa para negócios internacionais e acesso aos mercados do Magrebe, África e Médio Oriente. “A feira representa uma oportunidade para fortalecer presenças já estabelecidas e dar as boas-vindas a novas empresas do setor interessadas na internacionalização nesta região”. A edição de 2023 registou a presença de 250 mil visitantes, assim como a representação de 900 expositores, dos quais 350 eram estrangeiros.

A feira é conhecida como “o mais conceituado evento comercial da indústria da construção e materiais, rochas ornamentais, tecnologias, maquinários e meio ambiente, sendo uma importante oportunidade para negócios internacionais e acesso aos mercados do Magreb, África e Médio Oriente”.

Participação presencial nacional no evento contou com a participação de seis empresas expositoras: Abílio Carlos Pinto Feigueiras, Decorgresso, Ilmar, Metalúrgica do Tâmega, Arcen Engenharia e Metalcértima.