A guerra só acabará com o diálogo entre todas as partes envolvidas, segundo refere a declaração final da Cimeira da Suíça – o que de algum modo é a evidenciação da incapacidade dos países envolvidos para obterem essa paz, dado que uma das partes não estava presente. A sucessão de declarações que se congratulavam com os trabalhos da cimeira durante o fim-de-semana não esconde assim o problema, que estava aliás antecipado desde a sua marcação: não era a paz que ‘corria o risco’ de sair dali.
Neste contexto, os países presentes – num total de 90, um pouco abaixo das expectativas iniciais da organização, que referia a expectativa da centena – optaram assim por centrar o debate, como refere o comunicado final, em reiterou a “integridade territorial” da Ucrânia, que deve ser respeitada em qualquer acordo de paz para encerrar a guerra, pois disse que o “diálogo entre todas as partes” seria necessário para um acordo duradouro.
Arábia Saudita, Índia e África do Sul, Tailândia, Indonésia, México e Emirados Árabes Unidos não assinaram a declaração. O Brasil, que participou como país observador, não assinou, mas a Turquia – que tem buscado um papel de intermediário entre Rússia e Ucrânia – assinou.
Os países presentes centraram-se também naquilo que é exequível: a troca total de soldados capturados e o regresso de crianças ucranianas deportadas ou retiradas às suas famílias – algo de que a Rússia é insistentemente acusada sem conseguir desmentir essa prática. “Acreditamos que alcançar a paz requer o envolvimento e o diálogo entre todas as partes”, afirma o documento. E acrescenta: “reafirmamos o nosso compromisso com (…) os princípios de soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados, incluindo a Ucrânia, dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”. Mais de 90 países reuniram no resort suíço de Burgenstock, mas, segundo a organização, o documento foi assinado por 80 das delegações presentes.
Os grupos de trabalho presentes na cimeira abordaram igualmente, ainda segundo a organização, as questões da segurança alimentar global e da segurança nuclear, com os países a pedirem que a Ucrânia tenha “controlo soberano total” sobre a central nuclear de Zaporizhzhia.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse que os participantes concordaram em continuar a trabalhar em grupos especiais e que, assim que os “planos de ação para a paz” estiverem prontos, será organizada uma segunda cimeira. Por seu turno, o Canadá planeia organizar proximamente uma reunião de ministros das Relações Exteriores para avançar nos trabalhos sobre o custo humano da guerra na Ucrânia, disse o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau.
Viola Amherd, a presidente suíça que organizou a conferência, disse no final dos trabalhos que o facto de a “grande maioria” dos países participantes ter concordado com o documento final “mostra o que a diplomacia pode alcançar”.