Num país com fortes tradições extremistas, a Alemanha foi palco do nascimento de uma das primeiras formações ‘verdes’ da Europa – numa altura em que as opções tradicionais da área da esquerda (a larga panóplia da oferta comunista e à esquerda do comunismo descrito como soviético) se aproximavam perigosamente do ocaso. Algures nas últimas décadas do século passado, os partidos verdes lançaram na esquerda europeia uma aura de renovação que misturava preocupações sociais, a recusa do desenfreado liberalismo económico e um antimilitarismo militante com um estilo de vida ‘desengravatado’, um leve cheiro a marijuana e os cabelos mais compridos que a norma vigente. De algum modo, eram os órfãos do estalinismo, na altura definitivamente desacreditado, que souberam fazer a síntese entre o comunismo, o ‘libertarismo’ do maio de 68 (não foi por acaso que Daniel Cohn-Bendit, por acaso alemão, foi dos primeiros a aderir à corrente) e o movimento hippie do lado de lá do oceano.