Contratar um dinamarquês é uma espécie de amuleto da sorte para o Sporting CP: ao longo da sua história, os “leões” foram sempre campeões no ano de estreia de um dinamarquês. Aconteceu com Peter Schmeichel em 1999/00 e voltou a suceder com Morten Hjulmand na época passada. Esta temporada, o campeão nacional gastou 19 milhões de euros na modesta Superliga dinamarquesa para trazer um dos mais excitantes talentos do futebol nórdico da atualidade: Conrad Harder, avançado de 19 anos formado no Nordsjaelland, encarado em Alvalade como o sucessor do goleador sueco Viktor Gyokeres que a este ritmo (onze golos em oito jogos esta época) não ficará muito mais tempo em Portugal. No entanto, este tipo de contratações, como aquela que envolveu o avançado dinamarquês, serão cada vez mais difíceis de ver no futebol português. Quase 20 milhões de euros por um jogador da modesta Superliga dinamarquesa foi uma soma que surpreendeu o mercado, mas para que acompanha a evolução do futebol nórdico nos últimos anos, este é um valor que se enquadra no panorama atual do futebol do norte da Europa. Luís Cassiano Neves, sócio e fundador da 14 Sports Law, um dos principais escritórios de direito desportivo em Portugal e com um papel muito relevante nas transferências internacionais. Para este especialista, contratações como a de Conrad Harder vão ser difíceis de replicar por parte de clubes portugueses: “O mercado nórdico já é caro para Portugal e está muito escrutinado”. Bundesliga (Alemanha) e Premier League (Inglaterra) são mercados preferenciais para estes talentos mas para Jorge Faria de Sousa, comentador do programa “Jogo Económico”, há um factor que pode atrair jogadores dessas ligas: “Os grandes do futebol português podem ter vantagem competitiva quando tiverem Liga dos Campeões porque é uma forma de atrair esses talentos para estes projetos”. Já o sócio fundador da 14 Sports Law considera que a Liga portuguesa tem um factor competitivo que pode ser determinante para a atração destes futebolistas: “É mais pela via da performance do que pelo preço que os clubes portugueses ainda têm espaço enquanto recrutadores”. Para o advogado é notório que os clubes das Big5 “podem não ter segurança” de que estes talentos possam ser bem-sucedidos se vierem diretamente de uma liga nórdica. Para Luís Cassiano Neves, em virtude do tremendo sucesso de jogadores como Erlin Haaland, os clubes nórdicos “já têm uma noção muito concreta de quanto é que estes futebolistas podem valer na revenda do passe do jogador a grandes ligas europeias.