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Afeganistão: é a vez da China e da sua artilharia económica

Na semana em que todos os militares estrangeiros sairam do país, Pequim mostrou que pode ser o aliado certo para materializara instalação do regime talibã em Cabul, desde já ameaçado por grupos ainda mais radicais emanados do que resta do Estado Islâmico.

Se não os podemos vencer pela (nossa) razão, se não os conseguimos vencer pela razão das nossas armas, resta a economia. Este conceito – com séculos de existência e comprovada eficácia, apesar de nem sempre ser repetível – parece ser o que está por trás da proposta da China para estender até ao Afeganistão dos talibãs os tentáculos dos seus interesses económicos. Uma proposta de valor (o jargão económico impõe-se) que o comentador político Francisco Seixas da Costa considera, mesmo que sem certezas, que pode resultar. “Por certo que os talibãs não vão querer que o seu próximo Orçamento do Estado tenha como principal receita a venda de ópio”, diz, o que abre uma janela de oportunidade para uma aproximação ‘economicista’ a um país onde a razão (externa) e as armas se revelaram desoladoramente falhas.
Se a estratégia da China não seria em nenhuma circunstância descabida – mesmo que o ópio tenha sido um poderoso alimento da economia britânica entre 1839 e 1860 –, o governo de Pequim tem outro objetivo em vista: apesar de pequena em extensão (tem apenas 76 quilómetros), o país tem uma fronteira com o Afeganistão e o regime de Xi Jinping tem o maior interesse em manter longe do seu território qualquer atividade externa que possa transformar-se num aborrecimento militar – como chegou a suceder ao Tajiquistão.

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