Se não os podemos vencer pela (nossa) razão, se não os conseguimos vencer pela razão das nossas armas, resta a economia. Este conceito – com séculos de existência e comprovada eficácia, apesar de nem sempre ser repetível – parece ser o que está por trás da proposta da China para estender até ao Afeganistão dos talibãs os tentáculos dos seus interesses económicos. Uma proposta de valor (o jargão económico impõe-se) que o comentador político Francisco Seixas da Costa considera, mesmo que sem certezas, que pode resultar. “Por certo que os talibãs não vão querer que o seu próximo Orçamento do Estado tenha como principal receita a venda de ópio”, diz, o que abre uma janela de oportunidade para uma aproximação ‘economicista’ a um país onde a razão (externa) e as armas se revelaram desoladoramente falhas.
Se a estratégia da China não seria em nenhuma circunstância descabida – mesmo que o ópio tenha sido um poderoso alimento da economia britânica entre 1839 e 1860 –, o governo de Pequim tem outro objetivo em vista: apesar de pequena em extensão (tem apenas 76 quilómetros), o país tem uma fronteira com o Afeganistão e o regime de Xi Jinping tem o maior interesse em manter longe do seu território qualquer atividade externa que possa transformar-se num aborrecimento militar – como chegou a suceder ao Tajiquistão.