Pouco mais de um ano depois de se despedir dos palcos, no Coliseu dos Recreios que tanto o ovacionou, Carlos do Carmo foi a primeira grande perda de 2021, justamente no primeiro dia do ano. A voz que juntava o songbook norte-americano de Frank Sinatra, a canção francófona de Jacques Brel, o fado que foi herança da mãe, Lucília doCarmo, ou os versos eternos de Ary dos Santos, não resistiu ao aneurisma que o levara ao Hospital de Santa Maria, na Lisboa que o vira nascer há 81 anos.
Também no início do ano partiram o escultor JoãoCutileiro, de 83 anos (5 de janeiro), a quase centenária atriz CarmenDolores - falecida a 16 de fevereiro, aos 96 anos, com carreira no cinema, teatro e televisão -, e Maria José Valério, de 87 anos, que a 3 de março se tornou uma das vítimas da Covid-19, não podendo testemunhar o regresso aos títulos do Sporting de que cantara a marcha.
Particularmente chocante foi o que aconteceu ao luso-cubano Alfredo Quintana, guarda-redes de andebol do FC Porto e da Seleção, ajudando-a a subir a sexta da Europa e décima do Mundo. Morreu a 26 de fevereiro, aos 32 anos, quatro dias após sofrer uma paragem cardiorrespiratória num treino da equipa que representava há 11 anos. Também dezenas de vezes na baliza com as quinas ao peito, Adelino Barros, conhecido por Neno, viu o coração parar a 10 de junho, Dia de Portugal. Para trás ficaram defesas e títulos, ao serviço do Benfica, da Seleção e do Vitória de Guimarães, do qual era dirigente o homem conhecido por “Júlio Iglésias português” pelo seu gosto pela canção romântica.