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Abrandamento da atividade na zona euro alastra e estagflação é já uma realidade

Depois de contrair 0,1% no terceiro trimestre, o bloco da moeda única mantém-se assim em linha para novo período de recessão, sendo que os dados dos PMI já conhecidos apontam para uma economia já em estagflação.

Continua o abrandamento da atividade na zona euro. Os índices de gestores de compras (PMI) para outubro foram confirmados esta segunda-feira, apontando para o valor mais baixo nos últimos três anos, com o sector terciário europeu a dar sinais claros de fraqueza. Depois de contrair 0,1% no terceiro trimestre, o bloco da moeda única mantém-se assim em linha para novo período de recessão, com os responsáveis por este inquérito privado a avisarem que já estamos em plena estagflação.

Os dados preliminares foram confirmados esta segunda-feira, com o indicador composto a cair para 46,5 em outubro depois de ficar em 47,2 no mês anterior. Os serviços foram os principais responsáveis pela deterioração, registando o terceiro mês consecutivo abaixo da barreira de 50 pontos, ou seja, em terreno de contração, enquanto a quebra na indústria se manteve na mesma magnitude de meses anteriores.

O subindicador referente ao sector terciário caiu para 47,8, o mesmo valor avançado na estimativa do início do mês, enquanto o da indústria recuou marginalmente de 43,4 para 43,1, também em linha com a leitura rápida. O resultado do lado dos serviços é um mínimo de 32 meses, lê-se no relatório.

Olhando no detalhe, a situação não é animadora: o ritmo de criação de empresas foi o mais baixo desde 2012, excluindo o período pandémico, e o crescimento de novas encomendas, tanto industriais, como de serviços, foi o mais baixo desde maio de 2020. Em ambos os casos, a procura continua a deteriorar-se, criando ainda mais problemas para os empresários.

Por país, apenas Espanha escapa às leituras negativas, embora no limite, dado que a leitura para outubro revelou uma ligeira subida do indicador composto até 50,0, ou seja, em perfeita estagnação. Em sentido contrário, a Alemanha continua a registar uma queda acentuada da atividade, tendo até visto a leitura rápida cortada em 0,1 pontos para 45,9, enquanto em França o indicador composto até registou um nível mais baixo, com 44,6, mas em tendência crescente.

Para o responsável pelo inquérito privado, Cyrus de la Rubia, o cenário de estagflação é agora uma realidade inegável. Os preços continuam a subir, a atividade está em tendência de recessão e a procura não tem desenvolvido, explica.

“A grande questão agora é quanto tempo ficará a zona euro nesta estranha zona de estagflação”, lê-se no comunicado de imprensa da S&P Global. Com um otimismo contido, a Pantheon Macro projeta que possa haver aqui um sinal ligeiramente animador.

“Dado o pessimismo exagerado no terceiro trimestre, esperamos que estes primeiros sinais do quarto trimestre subestimem o verdadeiro ritmo do crescimento”, escrevem os analistas do think tank britânico. Como tal, a previsão mais preocupante de uma recessão entre 0,5% e 1% no último período do ano parece exagerada, apontando a Pantheon a uma economia perfeitamente estagnada até ao final do ano.