Assinalam-se este ano os 75 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Data redonda que constituiu uma oportunidade para se pensar e problematizar o passado e a memória, como também construí-los, questioná-los e desconstruí-los. Em tempos de pandemia, migrações de larga escala e novos fenómenos de sujeição humana, com o perigo de escalada dos extremismos na vida política, vale a pena refletir sobre a situação contemporânea. Durante muitos anos, parece que os olhos se fecharam perante os corpos perdidos no mar, empurrados pela violência ou pela escassez para um ciclo migratório. Contudo também se cerraram perante a sofreguidão daqueles que faziam dinheiro montando e explorando redes de migração clandestina que, por vezes, acabam em mercados ilegais, próximos do odioso tráfico de escravos de antigamente.