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A morte do PT é um anúncio prematuro

A pesar de ser evidente que o Partido dos Trabalhadores (PT) valeu sempre muito menos que Lula da Silva, a verdade é que a presença do candidato do PT às presidenciais no grupo dos que quase de certeza vão passar à segunda volta transforma em prematuras as notícias que anunciavam a ‘morte’ do partido

A pesar de ser evidente que o Partido dos Trabalhadores (PT) valeu sempre muito menos que Lula da Silva, a verdade é que a presença do candidato do PT às presidenciais no grupo dos que quase de certeza vão passar à segunda volta transforma em prematuras as notícias que anunciavam a ‘morte’ do partido.
Ao contrário, e contra o que foram dizendo vários analistas, foram os partidos do centro que se eclipsaram nesta fase da vida política do país com as propostas concentradas no centro do espectro político a valerem muito pouco face às suas congéneres extremistas.
Para Francisco Seixas da Costa, “Lula da Silva, de quem se dizia que até elegia um poste de eletricidade se ele o apoiasse”, “já não é o que era em 2003”, mas a dramatização que ocorreu em seu torno desde que anunciou nova candidatura às presidenciais com prisão e tudo serviu para manter uma aura que pouco mais era que uma herança dos tempos bons do partido, mas que, por outro lado, lhe permitiu escapar à insignificância política.
Este dramatismo – que Lula da Silva geriu até à exaustão quando se fechou durante dois dias na sede de um sindicato e de onde partiria para a prisão – serviu também, por outro lado, para extremar o país entre os dois candidatos mais à direita e mais à esquerda. O que, de algum modo, contribuiu para a sobrevivência política do PT.
Mas, como recorda Seixas da Costa, “uma coisa são as presidenciais, outra são as eleições para o parlamento”. E para o parlamento, o PT não terá a veleidade de pretender uma votação com a envergadura que espera ter com o seu candidato presidencial, Fernando Haddad.
De qualquer modo, o futuro político do Partido dos Trabalhadores joga-se no quadro das presidenciais. Se Fernando Haddad tiver uma boa votação (mesmo que não ganhe), o partido não irá encaminhar-se para o seu ocaso. O facto de Haddad, tudo o indica, passar à segunda volta, já é suficiente para o PT conseguir uma nova bolsa de oxigénio para sobreviver à terrível herança que tem em mãos.
E depois – num quando em que Jair Bolsonaro saia vencedor – será preciso esperar para ver o que fará o extremista de direita. Pode bem acontecer que, se Bolsonaro ‘puxar’ o país para o extremismo, o PT volte a ter razão de ser enquanto bolsa de oposição. Até porque, recorda Seixas da Costa, tendo Bolsonaro dificuldades de formar governo sem recorrer aos partidos do centro-direita, o PT será sempre o refúgio onde vão acantonar-se os mais desfavorecidos e os mais desprotegidos.
Mas tudo está claramente dependente do que se passar em 7 de outubro e principalmente em 28 do mesmo mês, quando a segunda volta determinar quem vai ser o novo presidente do Brasil.
Se tudo correr mal – querendo isso dizer que Haddad não passa à segunda volta – o Partido dos Trabalhadores encaminhar-se-á paulatinamente para o fim da sua existência, não tendo por certo capacidade para resistir à fusão entre um mau performance eleitoral e o legado que deixa em termos do processo Lavajato e seus colaterais.

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