O Ministério da Saúde parece ter fechado portas às negociações com os médicos e, como tal, as greves no sector vão continuar, segundo informou ao Jornal Económico a Federação Nacional de Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
“Nós mantemos a greve nos dias 14 e 15 de novembro com manifestações regionais em Lisboa, em Coimbra e no Porto. Apelamos também que a população e os utentes estejam connosco nesse momento”, disse Joana Bordalo e Sá da FNAM.
Segundo a FNAM, o ministério da Saúde “cancelou a reunião” que estava agendada. “Mas a nossa ideia e a nossa luta é a de que voltemos à mesa porque o Serviço Nacional de Saúde não pode esperar mais”, sublinhou.
“Estamos numa situação mesmo muito difícil, os utentes e os doentes não podem esperar, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está numa agonia e também não pode esperar”, assegurou Joana Bordalo e Sá.
De acordo com a federação, o SNS não pode “ficar agora cinco meses à espera de um novo Governo”. E quem sabe se depois de haver um novo Governo até reunir com uma nova equipa ministerial, isso pode até demorar um ano e o serviço nacional de saúde não tem este tempo”, frisou.
“Temos vontade e disponibilidade e fazemos mesmo um apelo porque o Governo continua em funções. Estamos há 19 meses com as soluções em cima da mesa e mais do que nunca é preciso pôr o Serviço Nacional de Saúde de pé”, assegurou.
Por sua vez, da parte do SIM, Jorge Roque da Cunha disse que “quanto à greve do trabalho extraordinário, nos cuidados de saúde primários, que nós temos convocada nos últimos meses, iremos mantê-la”. De apontar que esta greve tem tido adesão na ordem dos 65%-70%.
De forma a retomar as reuniões, o SIM enviou um “oficio ao governo que ainda está em gestão para que se possa voltar à mesa de negociações”.
Para o SIM, o regresso das negociações é o que faz mais sentido dado que “a situação do SNS foi conduzida por oito anos de governação socialista”. A incapacidade de chegar a acordo em 19 semanas de negociação resulta daquilo que vemos hoje, das dificuldades um pouco por todo o país nas urgências, nas cirurgias, nas consultas”, vincou Jorge Roque da Cunha.
Apesar de querer voltar a negociar com o atual Ministério da Saúde, o SIM não acredita que vá chegar a bom porto com o Governo.
“Continuamos a fazer tudo para que seja alcançado, mas é evidente que somos realistas e aquilo que não se conseguiu em oito anos, não será agora em 15 dias ou algumas semanas que se vai alcançar”, explicou.
Ainda assim, Jorge Roque da Cunha considerou que “a situação atual do SNS devia levar o Governo a tentar, pelo menos, aproximar-se daquilo que foi a última proposta dos sindicatos”.