Skip to main content

A cidade e a pandemia – a importância de fazer lugares

O “back to basics” que o novo normal imprime aos quotidianos significa sacrificar o que a cidade proporciona além do trabalho e do descanso: os cafés e os cinemas, os espectáculos, de artes, mas também desportivos, acontecimentos culturais em geral. Não sendo vitais para sobrevivermos, são essenciais para fazer lugares.

A época da rarefacção dos lugares
Por princípio, lugares são espaços visitados pelo tempo. Um lugar é um espaço que se tornou um hábito, que fez memória e a que se regressa. Essa é a diferença entre um lugar e um local. Um lugar é mais do que uma localização, do que a intersecção de coordenadas, latitude e longitude, na superfície curva do planeta. Lugar é a camada de significação que se radica, cultiva e floresce – por exemplo nesse ponto de coordenadas – através de um hábito, uma repetição, que se faz forçosamente no tempo, no seu curso, e que se faz como apelo da própria repetição, que é como uma inércia confortável, uma âncora de segurança, um lastro de sentido. Os hábitos são habitados como lugares e os lugares são habitados por hábitos.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes, faça login ou subscreva o Jornal Económico