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Um ano depois da primeira subida da taxa de juro pelo Banco Central Europeu os tempos parecem mudados. Se a inflação desacelerou na União Europeia (UE), também é certo que as suas economias fortes estão hoje menos fortes, enquanto as fracas aparentam estar não tão fracas. Os últimos dados do Eurostat indicam uma quebra da atividade económica na Alemanha, Áustria, Países Baixos e Suécia, que se estende já aos países do Leste europeu, como a Chéquia, a Estónia, a Hungria, a Letónia e a Polónia. Fora da Europa, causa espanto o abrandamento da economia chinesa. Entretanto, a economia portuguesa permanece em contraciclo, exibindo a terceira melhor taxa de crescimento da União Europeia para o mesmo período, cerca de 2,3%, no que é apenas superada pela Irlanda (com uma taxa de 2,8%) no conjunto restrito da zona euro.
No Programa de Estabilidade (PE) apresentado em abril o Governo projeta finanças públicas sólidas, com convergência da dívida para 92% do PIB em 2027 e um excedente orçamental de 0,1%. Em paralelo, promete um crescimento económico médio de 1,8%, para os próximos quatro anos, assente no investimento e nas exportações, enquanto anuncia políticas sociais e o aumento do rendimento das famílias através da redução de impostos. Em suma, tudo irá pelo melhor no melhor dos mundos.
Um modelo de crescimento económico orientado para o exterior é tipicamente vulnerável e dependente de dinâmicas que não se controlam.
Tecnicamente a economia portuguesa ainda não está em recessão. Mas evitá-lo dependerá das medidas que forem tomadas para contrariar a conjuntura, sobretudo sendo certo que o aumento das taxas de juro veio para ficar.
Hoje, sobretudo nas grandes cidades, onde se concentram os melhores empregos, a combinação de salários baixos e preços da habitação exorbitantes é um impacto evidente da desigualdade. Compete aos Governos atuarem como força motriz de uma transformação.
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