Skip to main content

‘Sell in May & go away’

Num padrão em que o quinto mês do ano é de correção, estatisticamente o verão tende a ser marcado pela maior volatilidade.

Após um primeiro quadrimestre positivo com as ações a acumularem desempenhos entre subida de 10% e 15%, o mês de maio foi de correção média de -5%, destacando-se Itália com o pior desempenho de quase -10%. Num padrão em que o quinto mês do ano é de correção, após quatro meses de valorização, estatisticamente o verão tende a ser marcado pela maior volatilidade, ou seja, as elevadas temperaturas secam a liquidez e reduzem o número de intervenientes, criando um ecossistema que permite a amplificação das incertezas.
Foi anunciado o Fed Beige Book, que considera as percepções das condições económicas dos relevantes Estados, tendo reportado uma “economia que cresce modestamente, embora com ligeira melhoria”, o que não alterou de forma significativa a expectativa dos investidores sobre a capacidade da economia dos EUA em filtrar o abrandamento da economia mundial. É necessário acompanhar os dados do mercado de emprego que serão anunciados no final da semana. Mesmo assim, e atendendo aos mais fracos dados do PMI e das encomendas de bens duráveis, a perspectiva de descida das taxas pela Fed foram antecipadas de dezembro para setembro próximo e com dois cortes do atual intervalo 2,25% e 2,50%.
O BCE manteve as taxas de juros inalteradas e revelou detalhes e a configuração do TLTRO que será implementado em setembro, para permitir a amortecer potenciais incertezas que afetam as exportações da zona-euro. Novamente a narrativa de que as “taxas de juros fiquem nos atuais níveis até ao primeiro semestre de 2020, mas se necessário o prazo poder-se-á prolongar”, que “o BCE detém as ferramentas necessárias para estimular a economia”, que “a politica monetária deverá ser acomodatícia” e que existem “incertezas sobre a evolução da economia europeia”. Reviram em alta o crescimento da Europa para este ano, mas reduziram para 2020 e 2021.
Com o início da temporada de verão, os ativos de risco, de que são exemplo as acções dos setores bancário e financeiro, automóvel e de componentes, bem como o tecnológico, parecem manter uma menor procura, sendo percepcionados como os ativos de menor risco percebido como as utilities, serviços de comunicações e bens de consumo generalizado, que provavelmente irão receber mais atenção positiva.
O ouro como conseguiu recuperar para máximos de quatro meses, testando os 1334 dólares/onça e com a China e a Rússia a diminuírem a sua exposição em dólares dos EUA, bem como nos activos denominados naquela divisa, fica a percepção de poderem existir novos máximos de quatro anos. 

Este conteúdo é exclusivo para assinantes, faça login ou subscreva o Jornal Económico