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Mais de metade dos comboios da CP está inoperacional

É quase garantido que a taxa de apenas 47% de material circulante operacional da CP que se verificava no final do ano passado se deverá ter reduzido ainda mais durante o ano em curso.

Mais de metade do material circulante (locomotivas, automotoras e carruagens) da CP está inoperacional.

Segundo o relatório e contas da CP, publicado no 'site' da CMVM - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, mas ainda não disponível no 'site' da transportadora ferroviária nacional, no final de 2017, das 795 unidades existente na frota da CP apenas 374 unidades estavam afetas ao serviço regular da empresa

"No final de 2017, o parque total de material motor e rebocado da CP era constituído por 795 uniodades. Destas, 347 unidades encontravam-se afetas ao parque ativo, 327 integravam o parque de material inoperacional e 94 unidades constituíam material de utilização pontual , do Comboio Histórico, do comboio socorro, ou encontravam-se cedidas à Fundação Nacional Museu Ferroviário", revela o referido relatório e contas da CP, consultado pelo Jornal Económico.

Isto quer dizer que apenas 47% das unidades de comboios da CP se encontravam efetivamente operacionais no final do ano passado, não se sabendo qual foi a evolução do parque de material circulante da transportadora ferroviária nos mais de dez meses que este ano de 2019 já leva.

No entanto, o relatório semestral da CP referente à primeira metade deste exercício, também consultada pelo Jornal Económico, refere que ocorreu no período em análise "um aumento da taxa de indisponibilidade de material, por falta de capacidade produtiva da EMEF", participada da CP responsável pela reparação e manutenção dos comboios.

Perante esta constatação, é quase garantido que a taxa de apenas 47% de material circulante operacional da CP que se verificava no final do ano passado se deverá ter reduzido ainda mais durante o ano em curso.

No final do ano passado, as 374 unidades ativas da CP decompunham-se em 239 automotoras, 31 locomotivas e 104 carruagens.

Nas automotoras, 189 eram elétricas e 50 a 'diesel'.

No caso das locomotivas, 24 eram elétricas e sete a 'diesel'.

Em reação a uma reportagem da SIC emitida há cerca de duas semanas, a administração emitiu um comunicado, a 6 de novembro passado, em, que assegurava que a empresa, "em natural colaboração com a EMEF, tem em curso o desenvolvimento de planos de manutenção e reparação de material circulante, cujos efeitos se deverão fazer sentir já em 2019".
"Esses planos estão a ser concretizados na sequência do reforço de recursos humanos entretanto autorizado, assim como do necessário processo de formação e qualificação dos quadros contratados", adiantava o referido comunicado.
De acordo com esse documento da CP ressalvava, contudo, que "esses planos de manutenção não incluem, obviamente, material que se tornou obsoleto ou desadequado às opções operacionais ou comerciais da empresa, ou cuja recuperação e manutenção seria mais onerosa que outras alternativas existentes".
"O plano de aquisição de material circulante, que prevê a aquisição de 12 unidades bi-modo e 10 unidades elétricas, foi estabelecido para dar resposta às necessidades da operação da CP, em função dos objetivos anunciados no 'Ferrovia 2020', ao nível do calendário de intervenções na infraestrutura, nomeadamente a eletrificação de linhas", destaca o referido comunicado da administração da CP.
E administração presidida por Carlos Gomes Nogueira acrescentava que, "para dar resposta a necessidades mais prementes, durante o período em que decorrerá a recuperação de material atualmente imobilizado e até à chegada do novo material circulante, a CP vai reforçar o parque de material alugado à Renfe, estando prevista a chegada de quatro novas unidades 'diesel' também em 2019".

Curiosamente, um dos objetivos estratégicos descriminado no relatório e contas da CP referente ao exercício de 2017 era ir "eliminando a dependência face à Renfe".