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Ikea deverá ter painéis solares à venda nas lojas portuguesas “em breve”

A retalhista especializada em mobiliário e decoração investiu dois mil milhões de euros em energias renováveis entre 2013 e 2018. Ao Jornal Económico, Pia Heidenmark Cook, Chief Sustainability Officer do Ikea, disse que o caminho para encontrar materiais novos para os produtos passa por uma agenda de inovação com uma “grande equipa de investigadores e cientistas, bootcamps e parcerias com startups”.

O Ikea quer levar o sol a casa dos portugueses ainda antes de 2025. A gigante sueca do mobiliário prevê que a sua solução Home Solar – painéis solares no telhado e sistema de monitorização da produção energética – esteja disponível nas lojas nacionais “em breve”, algo para o qual a equipa de Portugal garante ao Jornal Económico estar “a tentar”.

Em entrevista ao Jornal Económico, Pia Heidenmark Cook, Chief Sustainability Officer do Ikea, disse ainda que o grupo investiu dois mil milhões de euros em energias renováveis entre 2013 e 2018. Segundo a porta-voz da retalhista de mobiliário decoração, neste momento, a energia renovável gerada pelo Ikea é equivalente a 73% da energia total que a multinacional utiliza, uma percentagem que deriva das 416 turbinas eólicas e 750 mil painéis fotovoltaicos implementados nos centros comerciais.

“Há dois elementos de impacto ambiental para uma empresa ou para um cidadão: reduzir a energia e mudar para renováveis. Temos de fazer as duas e utilizar o sol e o vento, mas não é só por estar o usar o sol e o vento que os devemos utilizar muito. Definimos que iríamos tornar-nos 80% mais eficientes (usar menos 80%) e ter 100% de renováveis”, explicou, à margem da Web Summit.

Em Portugal foram instalados mais de 11.000 painéis solares fotovoltaicos nas lojas de Alfragide, de Matosinhos, de Loures e de Loulé. Quase toda a energia produzida pelos mesmos (98%) foi incorporada e representa 25% do total da energia consumida por cada unidade de retalho.  Ainda que a economia verde esteja a chegar em peso aos móveis lá de casa, os consumidores portugueses ainda mostram sinais de pouca preocupação. Segundo um recente estudo elaborado pela empresa, mais de metade da população de Portugal (51,2%) assegurou não fazer reciclagem (e dos que fazem, apenas 20,4% tem recipiente próprio. Entre os materiais mais reciclados estão metais, lâmpadas, papéis, palhas, plásticos (90,6%) e vidros (88,9%), demonstra a mesma análise.

“Espero que em breve [o Home Solar possa chegar a Portugal]. Temos essa opção em seis mercados e estamos a olhar para todos. Até 2025 estará em todas as geografias e acho que em Portugal chegará ainda antes desse ano”, confessou. Ao jornal, a responsável de sustentabilidade da holding Ingka, dona do Ikea, lembrou que é preciso “ter cuidado com os recursos”- uma ideia com a qual, na sua opinião, o fundador, Ingvar Kamprad, criou a empresa.

Cerca de um depois de lançar o seu primeiro acelerador de startups, o Ikea Bootcamp, a gigante do retalho marcou esta terça-feira presença na maior conferência de tecnologia e empreendedorismo do mundo, em Lisboa, provando que está atenta aos novos players no mercado e ao auxílio que poderão facultar à empresa septuagenária.

“A agenda de inovação de materiais consiste em ter uma grande equipa de investigadores e cientistas, fazer bootcamps e parcerias com startups para encontrar materiais novos: definir um problema e ter quem nos possa ajudar com soluções. É uma forma aberta de inovar”, disse Pia.

Ao catálogo a marca já juntou uma gama de cozinhas Kungsbacka (fabricada a partir de madeira e plástico reciclados) e produtos reutilizáveis, como o tapete de tecelagem plana Tanum, por exemplo. De acordo com Pia Heidenmark Cook, existem muitas ofertas, mas o grupo tem de se focar naquelas “possam escalar”. “ Porque somos uma empresa grande – é aí que entra a nossa unidade de investimento, o nosso fundo de investimento, que nos ajuda”, justificou.

Em junho o Ikea lançou a sua nova estratégia de sustentabilidade, que tem por base três pilares: como é que se inspira e impele as pessoas a viver dentro dos limites do planeta; como é que a marca pode muda as suas próprias operações e a cadeia de valor em torno de uma economia mais circular e incluir os trabalhadores neste círculo – e estipulou ainda metas científicas a alcançar em relação à redução dos gases com efeito de estufa.