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Ferrari goes electric mas não deixa a combustão interna

Automóvel : O construtor italiano de supercarros vai apresentar um modelo totalmente elétrico, no final do próximo ano, rendendo-se à evolução do mercado.

Há coisas eternas, imutáveis, como o som distintivo de um motor de 12 cilindros da Ferrari, que, quando não se encontra na estrada, pode ser ouvido no Spotify, como se fosse uma canção ou porque se trata, exatamente, de uma melodia. “A Ferrari tem um som autêntico que outros fabricantes de automóveis desejam criar artificialmente”, afirmava Francesco Carosone, engenheiro acústico sénior construtor de Maranello, sublinhando que o tal rugido característico dos motores da marca italiana resulta de decisões e cuidados na produção do próprio motor, a forma como é desenhado e ajustado.


Este som já mudou, porque a Ferrari se está a adaptar aos tempos e já iniciou a construção de modelos híbridos, com modelos com motor de combustão interna e também elétrico, mas vai evoluir ainda mais, quando for lançado o primeiro supercarro da marca totalmente elétrico, que será revelado dentro e um ano, no último trimestre de 2025.


O novo modelo ainda não tem designação oficial, nem a marca revela detalhes, mas os rumores correm de que terá uma potência de mil cavalos e custará, pelo menos, 500 mil euros.


Uma coisa, no entanto, é certa, o supercarro elétrico da Ferrari terá um som próprio, que será reconhecido.
“O som é um dos elementos essenciais que caracterizam um Ferrari, e é também uma das assinaturas distintivas que transmite emoção”, afirma ao Jornal Económico fonte oficial da marca. “Cada tipo de motor tem o seu som e assinatura únicos, que evocam emoções fortes para quem conduz um Ferrari. Os nossos motores de combustão interna e os motores elétricos terão diferentes assinaturas, mas evocarão emoções fortes aos condutores”, acrescenta. “Podemos agora dizer que os nossos veículos elétricos terão também a sua assinatura sonora única”, reforça.


Todos os motores disponíveis
O construtor transalpino acredita na neutralidade tecnológica para impulsionar a inovação e considera que o rumo à eletrificação apresenta uma oportunidade para melhorar o desempenho dos automóveis que produz.
“O nosso objetivo é oferecer aos nossos clientes a máxima liberdade de escolha em relação aos motores, pois seria presunçoso da nossa parte tomar decisões em seu nome”, diz fonte oficial da empresa. “A nossa gama alargada de motores, incluindo combustão interna, híbridos e totalmente elétricos, permitir-nos-á aproveitar todas as opções”, acrescenta.


Para manter o espírito da marca nos motores elétricos, a Ferrari vai aproveitar a tecnologia elétrica dos seus departamentos de competição, abrangendo o design, os materiais e as capacidades de produção. Depois, recorrerá à “experiência em fabrico e montagem para desenvolver componentes elétricos exclusivos” e aplicará as competências em aerodinâmica e mecatrónica para melhorar o alcance do automóvel “sem comprometer o design da Ferrari”.


“Casei-me com um 12 cilindros e nunca me divorciei”, afirmou, em certa altura, Enzo Ferrari, o fundador do construtor de supercarros de Maranello, que morreu em 1988. Cumpriu a blague e não assistiu à evolução do mercado e da Ferrari na direção da eletrificação. Mas se o som pode mudar, porque os motores se transformam, outras permanecem, como o vermelho Ferrari, usado desde o primeiro automóvel construído por Enzo, o Auto Avio 815.
Algumas coisas são imutáveis.