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Estar só não é ser só

A solidão mede-se pelos estalos dos móveis à noite quando a poltrona em que me sento de súbito desconfortável, enorme, e os objectos aumentam nos naperons, inclinados para mim a escutarem, a quem terá pertencido a santinha de talha a que falta um dos dedos, que garganta tosse dentro da minha a chamar, que segredos são estes de que não entendo as palavras, o que desejam ao certo vindos de uma gaveta empenada, cheia de laços de cabelo desbotados e fotografias antigas (...)» O excerto pertence ao último livro de António Lobo Antunes, “O Tamanho do Mundo”, um romance em que várias solidões se cruzam, se entrelaçam, mas jamais se conseguem colmatar ou compensar umas às outras.

A solidão mede-se pelos estalos dos móveis à noite quando a poltrona em que me sento de súbito desconfortável, enorme, e os objectos aumentam nos naperons, inclinados para mim a escutarem, a quem terá pertencido a santinha de talha a que falta um dos dedos, que garganta tosse dentro da minha a chamar, que segredos são estes de que não entendo as palavras, o que desejam ao certo vindos de uma gaveta empenada, cheia de laços de cabelo desbotados e fotografias antigas (...)»
O excerto pertence ao último livro de António Lobo Antunes, “O Tamanho do Mundo”, um romance em que várias solidões se cruzam, se entrelaçam, mas jamais se conseguem colmatar ou compensar umas às outras.

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