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Dramatização para o voto útil instalou-se de vez na campanha

Ao nono dia da campanha e na entrada na reta final para as legislativas de 10 de março, PS e AD dão o tudo por tudo para dramatizar o voto e tentar bipolarizar as eleições. Os outros partidos tentam lutar contra esta estratégia.

E ao nono dia da campanha eleitoral, a dramatização assentou de vez na campanha e agora vai ser sempre a subir de tom. O objetivo do PS e da AD é o de bipolarizar a campanha e dramatizar até à exaustão o voto útil em cada um deles, num para evitar que a direita chegue ao poder, noutro, para “mudar o país” com um novo projeto.

Pedro Nuno Santos começou o dia de segunda-feira a esticar a corda da dramatização. “Só vamos conseguir continuar a avançar se o PS derrotar a AD”, disse o secretário-geral socialista enquanto fazia de comboio a viagem entre Marco de Canaveses e o Porto, com Francisco Assis ao seu lado (cabeça-de-lista pelo Porto), fazendo até um trocadilho a brincar: “Vou para S. Bento”. A estação para a qual se dirigia que tem o mesmo nome que a residência oficial do primeiro-ministro.

Assumindo de vez a bipolarização política na campanha, o líder do PS apelou aos indecisos que “votem no PS” e ainda frisou: “Aquilo que interessa é concentrarmos os votos no PS e garantismos que o PS ganha”. Disse que não previa que existisse uma maioria de direita no Parlamento, mesmo que PS ganhasse, e, falando de novo para os indecisos, reconheceu que “há problemas que persistem”, mas que a sua liderança quer tem “condições agora para avançar mais” e que a sua “ambição é investir nos serviços públicos”. Mais tarde, numa arruada na Afurada voltou a dramatizar: “O PS tem de derrotar a AD senão (o país) estamos tramados”.

Já Luís Montenegro, que começou a semana pela zona do Alto Douro e Trás os Montes, disse em Chaves que “está em marcha uma vitória inequívoca” da AD e que sente que os portugueses querem uma mudança e que essa mudança está na coligação de centro-direita. Contudo, Montenegro disse que não ia pedir uma maioria absoluta, embora numa entrevista ao NOVO, no passado sábado, o líder do CDS e número dois da AD tenha admitido que uma maioria absoluta da coligação não só era possível, como desejável.

“É preciso que o entusiasmo da rua seja transportado para as seções de voto”, disse ainda Luís Montenegro durante a ação de campanha em Chaves. A mesma dramatização ao voto útil que o PS está a fazer vai ser feita pela AD durante toda última semana de campanha. Os cabeças-de-lista e líderes da coligação vão desdobrar-se em declarações a tentar convencer os indecisos que votar em Pedro Nuno Santos é votar na continuidade dos governos de António Costa e na degradação do país e que só o voto na AD protagoniza uma “verdadeira mudança” no país. “Círculo a círculo, grão a grão”, disse o líder da AD, rematando: “Vamos reunir o máximo de votos possível”.

Á volta desta bipolarização circulam os partidos mais pequenos que vão estar toda a semana a tentar combater o voto útil nos dois principais e maiores partidos, convencendo o eleitorado que o voto útil é em cada um deles para obrigar PS ou AD a negociarem alianças. O Chega lançou mais uma polémica para a campanha, afirmando que está em curso uma tentativa de fraude no ato eleitoral para tornar nulos os votos no partido e na AD, o que a CNE já veio desmentir. Mariana Mortágua, coordenadora do BE, reagiu de imediato, acusando André Ventura de ser “aprendiz de Bolsonaro” e disse que a expressão do membro do BE a dizer que ia anular votos foi “uma piada de mau gosto”.

Rui Tavares, do Livre, pediu “sangue-frio” para a reta final da campanha e manifestou-se contra o “discurso do ódio” da extrema-direita. Rui Rocha, da IL, disse que o dia 10 de março vai ser aquele em que os portugueses terão de escolher se querem “o passado ou o futuro”, afirmando que os liberais é que são o futuro e que o voto neles é útil porque consolidará uma maioria de direita. E quando fala no passado, inclui a AD, porque a IL, embora esteja disposta a fazer um acordo pós-eleitoral com a coligação, neste momento está também a fazer campanha contra o voto útil na Aliança Democrática. Luís Montenegro respondeu: “Não entrou em considerações sobre o jogo político, não acredito em chantagem, mas na sabedoria popular”.

“Quem manda é o povo, temos um programa político de mudança e sentimos que as pessoas querem aderir a ele”, rematou Montenegro.

Também Paulo Raimundo, líder da CDU, dramatizou o apelo ao voto, afirmando que só com os comunistas será possível salvar o SNS. A verdadeira bipolarização é entre aqueles que acham que, de forma mais rápida ou menos rápida, o caminho é o desmantelamento do SNS ou aqueles que acham que a solução para utentes e profissionais passa por um SNS mais robusto e com mais meios para dar a resposta necessária”, afirmou.