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Do protecionismo à inflação e ao risco de uma recessão

Analistas da Schroders admitem que, “no limite”, esta possa ser a realidade com Trump, além de uma guerra de tipo comercial.

Os efeitos de quebra nos mercados podem até dissipar-se, conforme sucedeu depois do Brexit, mas a eleição de Donald Trump como herdeiro de Barack Obama para presidente dos Estados Unidos poderá conduzir “à subida da inflação, a uma guerra comercial e, no limite, até a uma recessão, dependendo de quão longe for nas medidas da sua administração”. A possibilidade foi admitida por analistas da Schroders durante uma conference call de âmbito internacional que analisou os efeitos da escolha do eleitorado norte-americano.
Keith Wade e Johanna Kyrklund, respetivamente, economista-chefe e gestora de ativos da referida firma, compararam alguns dos efeitos àqueles que o Brexit exerceu, mas implicando “um choque ainda maior”. Mesmo assim, Kyrklund considerou o movimento de descida nos mercados “consistente com o que se esperava face ao resultado”. E Wade, embora admitisse a hipótese de “maior especulação, deixou outra convicção: “Creio que as preocupações com o consumo não vão concretizar-se, uma vez que estamos a falar das mesmas pessoas que elegeram o próximo presidente. Aliás, penso que a economia deverá aguentar-se sem problemas até meados do próximo ano e só a partir daí, tendo em conta o impacto das diversas políticas aplicadas, poderá registar outros efeitos.”
Por entre a incerteza e as dúvidas quanto às medidas que Trump irá, de facto, aplicar, Wade apontou os campos do comércio, política orçamental e imigração como alguns dos que mais depressa podem suscitar análises.
No primeiro caso, o responsável apontou a “grande margem de liberdade” de que dispõe Trump para aplicar medidas protecionistas e barreiras. Isso poderá contribuir para “elevar o risco de uma guerra comercial, até porque a intenção de aplicar taxas agressivas irá gerar medidas de retaliação, a possível subida das taxas de juro e da inflação”.
Keith Wade falou depois sobre “os estímulos no capítulo orçamental com investimento nas infraestruturas” e, a propósito da imigração, referiu-se a um cenário de possível “deportação de 600 mil ou mesmo mais de um milhão de imigrantes”. Neste contexto, “os salários dos que ficarem serão mais elevados e esse facto reforçará os riscos de subida na inflação”.

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