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Retalho da Sonae entra em bolsa até novembro

Numa apresentação enviada à CMVM, a Sonae garantiu que o "objetivo de rácio de pagamento de dividendos" é de 40% a 50% "do resultado líquido ajustado, após interesses minoritários".

A Sonae está em conversações com a Euronext Lisbon para a colocação em bolsa do negócio de retalho e a operação está planeada até novembro, segundo apurou o Jornal Económico. Os parâmetros da operação - incluindo a parcela de capital social que vai ser disperso ou o índice em que vai entrar - ainda estão a ser decididos, mas a retalhista já anunciou que o objetivo é pagar um dividendo de 40% a 50%.

O caminho de colocação em bolsa do retalho da Sonae tem avançado com pequenos passos, depois de, a 21 de maio, o grupo ter anunciado a intenção de listar parte do portefólio de retalho, incluindo a Sonae MC (detentora da cadeia Continente e Meu Super, Well's, Go Natural e Note) e a Sonae RP (gestora de imobiliário de retalho). Ficam de fora a Zippy, a Worten e outras redes de retalho especializado.

O grupo explicou, na altura, que a operação servirá para "criar valor para os acionistas e garantir as melhores condições para que as suas empresas cresçam e reforcem as suas posições competitivas".

Numa apresentação enviada esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Sonae garantiu que o "objetivo de rácio de pagamento de dividendos" é de 40% a 50% "do resultado líquido ajustado, após interesses minoritários".

A retalhista ainda não entregou o pedido de admissão à negociação em bolsa, o Jornal Económico sabe que o processo está a avançar e a colocação em bolsa está planeada para acontecer até novembro. Questionada pelo Jornal Económico sobre a data em questão, fonte oficial da Euronext Lisbon, que gere a Bolsa de Lisboa, afirmou não comentar processos em curso.

Sonae seduz investidores em sete pontos

Não foi possível contactar a Sonae até à publicação desta notícia, mas a empresa enviou à CMVM, esta segunda-feira, uma apresentação sobre o negócio de retalho alimentar que pretende colocar em bolsa, a Sonae MC. O documento "foi preparado exclusivamente para fins meramente informativos e não consubstancia uma oferta ou solicitação de oferta para comprar ou vender valores mobiliários", mas apresenta sete pontos que poderão aliciar novos investidores.

As condições macroeconómicas atrativas, numa economia que tem vindo a recuperar após a recessão, é o primeiro ponto da apresentação. "O mercado português de retalho alimentar está em crescimento e ainda tem uma baixa taxa de penetração", afirma a Sonae, que estima o valor do mercado de retalho alimentar em Portugal cresça 2,9%, até 2022. Sublinha, no segundo ponto, que é líder de mercado no setor com uma quota de 21,9%.

A "abordagem multi-formato e omni-canal para capturar todas as ocasiões de compra" é o terceiro aspeto para que chama a atenção a empresa, que diz ter uma "notoriedade de marca e 'customer engagement' excecional" e ser um "operador extremamente eficiente".

O "perfil financeiro sólido" é o sexto ponto da apresentação e é aqui que a Sonae explica o objetivo de dividendo, bem como de manter uma dívida líquida face ao EBITDA ajustado limitada a duas vezes, no final do ano. Na "estratégia de crescimento clara", a Sonae acrescenta ainda pretender reforçar a liderança de mercado, o crescimento rentável e o envolvimento social.

Em agosto, a Sonae tinha já dado outros passos institucionais. Em duas ocasiões diferentes, a empresa comunicou ao mercado que mudou a designação da Sonae Investimentos SGPS (dona da Sonae MC) para Sonae MC SGPS e que tinha aprovado o contrato social da Sonae MC SGPS. O capital social passou a ser de mil milhões de euros, dividido por mil milhões de ações ordinárias, com um valor nominal de um euro cada.

A Sonae nomeou o Barclays, BNP Paribas e Deutsche Bank para organizar reuniões exploratórias com potenciais investidores. A expetativa dos analistas consultados pelo Jornal Económico, em agosto, apontava para uma colocação exclusiva para investidores institucionais, o que poderá também ser um fator de atraso dado que o preço das ações tem de ser negociado.