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Axesor: "Reduzido parque empresarial e decisões tomadas fora são as fragilidades de Portugal"

Paulo Costa, diretor-geral da Axesor em Portugal, explica em entrevista ao Jornal Económico como o processo associado ao 'rating' empresarial é uma garantia de transparência e confiança, bem como um instrumento de apoio à decisão no momento de definir estratégias de financiamento.

Quais são as principais fragilidades ao nível do risco de crédito que identifica nas empresas portuguesas?

As empresas portuguesas foram particularmente afetadas pela crise económica global, num efeito motivado pela exposição do tecido empresarial português ao financiamento bancário, a par do enorme peso, no mercado nacional, de pequenas empresas com uma percentagem de PME e microempresas acima da média europeia – nove em cada 10 empresas nacionais são microempresas. Esta dimensão mais reduzida torna-as mais vulneráveis, impossibilitando que tenham acesso a financiamento em condições mais favoráveis ​​e, assim, colocar-se numa melhor posição para aproveitar economias de escala e competir num ambiente internacional cada vez mais exigente.

Como é que as fragilidades e desafios em Portugal comparam com pares em outros países europeus e nos EUA?

A Axesor em Portugal, e à semelhança dos outros países europeus e do continente americano onde abrimos operações, posiciona-se como uma consultora para a gestão do risco de crédito. Esta evolução do nosso ADN originou a criação de uma nova entidade com sede na Irlanda e que se encontra desagregada da Axesor Rating e da Axesor CPD (conocer para decidir) que se dedica ao fornecimento de relatórios comerciais. A construção de um modelo de risco à medida, suportado pela plataforma Axesor 360, é a nossa área de atuação exclusiva.

O mercado português caracteriza-se por dois fatores de fragilidade. A reduzida dimensão do perfil do parque empresarial e o facto do centro de decisão de algumas multinacionais estar regionalizado ou centralizado noutra geografia. Por outro lado, esta evolução do nosso ADN passou a posicionar-nos como uma empresa tecnológica de referência, uma vez que somos os únicos a dispôr de uma solução tecnológica alojada na Cloud (Microsoft Azure) a ser disponibilizada em modelo SaaS – (Software as a Service) e que permite gerir todo o processo “order to cash” dos clientes.

Há maiores desafios associados à digitalização e tecnologia? Quais?

Num contexto em que as plataformas de âmbito tecnológico e científico são dotadas de crescente complexidade, cabe às organizações compreenderem de que modo podem integrar na sua atuação ferramentas e modelos que lhes permitam estarem mais informadas, tomarem decisões mais seguras e adotarem uma visão mais racional da gestão do risco.

Esta é uma tendência que já se começa a verificar no mercado, motivo pelo qual se torna, hoje, importante atestar de que modo têm as organizações vindo a lidar com este desafio e apontar o caminho para poderem fazer uso das soluções atuais que agora se encontram ao seu dispor.

Num contexto de transformação digital, qual o papel do rating como instrumento de avaliação estratégica?

A definição da Axesor enquanto agência de rating parte da necessidade que sentimos em assegurar um nível acrescido de regulação. Pretendíamos que a nossa atividade e a nossa estrutura tivessem este tipo de certificação. Desde logo, o projeto que levou a que nos tornássemos numa agência de rating não é dedicado apenas ao produto em si. É um processo exigente em termos de estrutura, de governance, de transparência e proporciona o que pretendemos para crescer.

O processo associado ao rating surge como uma garantia de transparência e confiança, bem como um instrumento de apoio à decisão no momento de definir estratégias de financiamento. Dispormos de um parecer especializado e de carácter independente permite detetar áreas de melhoria e, consequentemente, torna-se um fator adicional para potenciar o posicionamento estratégico da organização.

Na parceria entre a Axesor e a Microsoft, que alternativas encontraram ou debateram?

A discussão realizada no evento organizado em parceria com a Microsoft foi motivada pela constatação de que Portugal é hoje um país voltado para a inovação. A resposta da Axesor passa por trazer ao mercado, mais aberto e mais atento, uma plataforma tecnológica avançada e integrável com qualquer software ERP (Enterprise Resource Planning), adaptada ao novo paradigma tecnológico.

Juntando as competências adquiridas no domínio do Data Science, BPM (Business Process Management) e análise financeira e de crédito, assim como um forte investimento na componente tecnológica para ligação aos ERPs e solução baseada na cloud, foi possível maximizar o grau de sofisticação, mantendo a simplicidade de processos e aumentando a eficiência na gestão operacional.

Chegaram a Portugal no final do ano passado. Como está a correr a operação? Quantos clientes têm atualmente em Portugal?

O objetivo macro da Axesor consiste em otimizar a gestão do risco de crédito, apoiando-nos na inovação, para que seja acessível a qualquer empresa portuguesa.

Para este ano de 2018, as três principais metas qualitativas, são a consolidação da equipa, com os recursos necessários para implementar o nosso plano de Go-to-market com o expertise e a motivação necessária para ser bem-sucedido; posicionar a empresa enquanto referência no mercado, pela complexidade tecnológica que a nossa solução integra adotando metodologia de inteligência artificial na componente de machine learning; e dar a conhecer a nossa solução, Axesor 360, através de um agressivo plano de ações de divulgação e de apresentações comerciais, que permitam criar a tração desejada na nossa organização.

Neste momento, a operação da Axesor em Portugal está a decorrer conforme planeado, com a celebração dos primeiros contratos com clientes. Há já algumas empresas portuguesas a implementar a solução Axesor 360 para que beneficiem de uma gestão continuada do risco de crédito, com base na solução mais sofisticada para o efeito.

Quantos clientes tem a Axesor a nível global? Há novos planos de expansão?

A nível global, a Axesor conta com mais de dois mil clientes, número ao qual prevemos grandes alterações associadas à internacionalização. Os planos de expansão internacional, para 2019, terão um perfil semelhante ao que já se verificou em 2017 e 2018. Prevemos abrir operação em mais quatro países no continente americano. No que que diz respeito à Europa, estamos a avaliar o início de operação em mais um ou, eventualmente, dois países.