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"Há muitos setores e regiões com dificuldades de recrutamento", diz Sec. Estado do Emprego

Em declarações ao Jornal Económico, Miguel Cabrita explicou que este "período de dinamismo" económico em que são criados "muitos postos de trabalho e em que há projectos de investimento e "reconversão das empresas" é marcado também pela necessidade de qualificação.

O Secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, reconheceu esta terça-feira que a qualificação da mão-de-obra não se enquadra em algumas regiões e setores às necessidades de recrutamento das empresas.

Em declarações ao Jornal Económico, à margem do debate "o emprego depois da crise", organizado pelo Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, pela UGT e pela Global Union, em Lisboa, Miguel Cabrita disse que "além de continuar a baixar o desemprego e conseguir este crescimento inclusivo, temos hoje em dia outras preocupações às quais precisamos dar resposta e estamos a trabalhar para isso".

Explicou que este "período de dinamismo" económico em que são criados "muitos postos de trabalho e em que há projectos de investimento e reconversão das empresas" é marcado também pela necessidade de qualificação.

"Estamos a trabalhar com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, com os protocolos que o IEFP tem com diversos sectores, para adequar as necessidades de formação àquilo que as empresas nos pedem", disse o secretário do Emprego, acrescentando que o objetivo é responder às necessidades "do momento presente", mas também "em termos de antecipação" das necessidades futuras. Neste sentido, aponta a aposta na formação das competências digitais ou competências específicas "em postos de trabalho mais sectoriais".

Identificou ainda como "segunda dimensão" das prioridades na área do emprego "dar resposta às necessidades de recrutamento" das empresas.

"Temos em muitos sectores e em muitas regiões do país sinalizadas algumas dificuldades de recrutamento. Aquilo que estamos a trabalhar é precisamente para dar às empresas a capacidade para recrutar as pessoas de que precisam", reconheceu. "O senhor primeiro-ministro já identificou uma prioridade neste âmbito que é a questão do regresso dos emigrantes, ou seja, se começam a faltar em alguns sectores, em algumas regiões, pessoas ou pessoas com qualificações específicas temos a obrigação de continuar a trazer para o mercado de trabalho aqueles que estão desempregados, os que estão inactivos – ainda, que já são menos -, mas também procurar recuperar os portugueses, aqueles que emigraram, seja nos anos da crise, seja há mais tempo, e voltar a trazê-los para Portugal porque hoje em dia ainda temos menos 300 mil empregos do que tínhamos há dez anos atrás e isto diz bem as marcas que esta década nos deixou", acrescentou.

Questionado sobre a tendência da taxa de desemprego, Miguel Cabrita antecipou que "a previsão que existe é que [a taxa de desemprego] vai continuar a descer. Todos os indicadores económicos e outros indicadores avançados de intenção de investimento, de criação de emprego são indicadores positivos, portanto, é previsível que irá continuar a descer".

"Naturalmente quando nos começamos a aproximar de taxas de desemprego muito baixas, a descida da taxa de desemprego não é linear até ao zero, porque isso não existe nas economias, mas a previsão é que iremos conseguir prosseguir este caminho sustentado e procuraremos criar condições para isso naturalmente", disse.

O Secretário de Estado sublinhou que o país assiste a uma "situação muito diferente daquela que tínhamos há poucos anos" e que, portanto, "felizmente quando temos uma taxa de desemprego na casa dos 6% as preocupações são outras de quando existiam 15% ou 12%". Sinalizou ainda assim que "ainda há muitas pessoas desempregadas e é naturalmente um objectivo de qualquer Governo que os sinais positivos, de que a posição sustentada que tem existido, se possam estender a todos aqueles que estão desempregados e possam beneficiar dessa recuperação".