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Custo da dívida da EDP cai graças a primeira emissão de 'green bonds'

A procura pelas obrigações verdes mais que triplicou a oferta, realizada esta terça-feira, especialmente entre investidores internacionais. Em declarações ao Jornal Económico, a EDP explica que irá manter a aposta neste tipo de títulos.

A aposta da EDP em obrigações 'verdes' irá resultar numa redução dos encargos da empresa com dívida. A primeira emissão aconteceu esta terça-feira e, depois de uma operação em que a procura foi mais de três vezes superior à oferta, estão planeadas novas colocações de green bonds.

"Este green bond, no valor de 600 milhões de euros, engloba-se numa Green Bond Framework desenvolvida e publicada recentemente pela EDP e que se foca no financiamento (ou refinanciamento) do portfolio de ativos eólicos e solares detidos ou em desenvolvimento pelo grupo, em particular pela EDP Renováveis", Miguel Stilwell, administrador financeiro da EDP, em declarações ao Jornal Económico.

A EDP Finance pagou esta terça-feira um juro de 1,959% para emitir 600 milhões de euros em 'obrigações verdes' com maturidade a 13 de outubro de 2025. O spread (prémio de risco) fixou-se em 123 pontos base, enquanto o midswap a sete anos foi de 0,750%, abaixo do antecipado pelo mercado.

"O prazo de sete anos contribui para o objetivo de alongar a vida média da dívida do Grupo além dos 5 anos. A yield inferior a 2% contribui positivamente para reduzir o custo médio da dívida do grupo, que era 3,7% a junho de 2018", disse Stilwell.

A dívida líquida de EDP atingiu, no final do primeiro semestre do ano, 14,2 mil milhões de euros. A da subsidiária EDP Renováveis totalizava 3,2 mil milhões de euros.

Forte procura e novas emissões nos planos

Esta foi a primeira colocação da EDP de green bonds, que são títulos semelhantes a outros tipos de obrigações, mas destinam-se ao financiamento de projetos sustentáveis. Destina-se ao financiamento ou refinanciamento do portfolio de projetos green elegíveis do grupo, que consiste em projectos renováveis – eólicos e solares – da EDP Renováveis.

Na Green Bond Framework, a EDP refere que poderá vir a realizar mais emissões destinadas ao financiamento e refinanciamento do portfolio de projetos renováveis do grupo EDP. A hipótese foi confirmada pelo administrador financeiro, que vão avançou prazos ou montantes. O apetite dos investidores pela primeira emissão poderá incentivar a empresa.

"A reação dos investidores foi positiva, evidenciada pela colocação bem sucedida da emissão num contexto de mercado particularmente desafiante, com a procura a superar o montante emitido em mais de três vezes. Destaque também para a qualidade e diversidade dos investidores", afirmou Stilwell.

A maioria dos obrigacionistas foram real money investors (gestores de ativos, seguradoras e fundos de pensões), com mais de dois terços da emissão colocada em investidores de França, Alemanha e Benelux, seguidos do Reino Unido. "Saliente-se ainda a forte participação de green investors, no que foi a primeira emissão portuguesa green", acrescentou.

EDP junta-se à tendência das energéticas europeias

A EDP entra assim no crescente grupo de entidades que está a apostar nesta nova forma de emissão de dívida pública ou privada. Depois de ter atingido o valor mais elevado de sempre no ano passado, a emissão de green bonds na Europa aumentou 20% (em termos homólogos) nos primeiros nove meses do ano, para 40 mil milhões de euros.

Os emissores do setor de energia são responsáveis ​​por mais de 60% das colocações, segundo dados do relatório The Green Bond Market in Europe, da The Climate Bonds Initiative.

Tal como no caso da EDP, as energéticas usam cerca de 90% das receitas das obrigações para investimento em energia, mas também para alocar fundos para construções, água e gestão de resíduos. Os dados da iniciativa indicam ainda que as emissões, dentro do setor da energia, são dominadas por "titãs" como a EDF, a Enel, a Engie ou a Iberdrola.

A dinamarquesa Ørsted fez a transição completa de combustíveis fósseis para fontes renováveis, principalmente a energia eólica offshore, enquanto as restantes estão em transição e têm utilizado as green bonds como fonte de financiamento no processo.

Em linha como a tendência, Miguel Stilwell sublinhou que "a opção por green bonds pretende dar destaque à política e estratégia de sustentabilidade que a EDP tem seguido e aprofundado". Acrescentou que "um dos pilares dessa estratégia assenta na descarbonização da economia, através, nomeadamente, de investimentos em energias renováveis".