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Caso 'Ronaldo': "Se os patrocinadores se afastarem, pode ser um rombo"

Em entrevista ao Jornal Económico, Daniel Sá, especialista em marketing, esclarece que existem três fatores que vão determinar as consequências para a marca Cristiano Ronaldo no caso que o liga à norte-americana Kathryn Mayroga.

A marca Cristiano Ronaldo, avaliada pela escola superior especializada em marketing, IPAM, no início de 2017, em 102 milhões de euros, vive por esta altura dias de incerteza. Com as notícias sobre o caso que liga o futebolista português à reabertura de uma investigação da polícia de Las Vegas, com base numa queixa de Katheryn Mayorga, adensam-se as dúvidas sobre o futuro do capitão da seleção nacional.

O Jornal Económico ouviu Daniel Sá, diretor-executivo do IPAM, sobre as possíveis consequências do caso para a marca Cristiano Ronaldo. O especialista em marketing do IPAM, considera que esta situação "ainda não é um rombo porque esta notícia tem pouco tempo e fica a dúvida no ar porque ainda não há nada claro". Mas para Daniel Sá, que acompanha a evolução da marca Cristiano Ronaldo há oito anos, é claro que "existe um risco".

"É um perigo, isso é claro. Repare que a marca Cristiano Ronaldo valia 102 milhões de euros no início de 2017. Se os patrocinadores se afastarem", alerta Daniel Sá, "aí sim podemos falar de um rombo já que a proteção da marca é fundamental".

Daniel Sá esclarece que, neste caso, existem três fatores que vão determinar as consequências para a marca Cristiano Ronaldo: "se esta situação chega à 'barra' do tribunal e existe uma decisão, seja ela a favor ou contra; a leitura dos consumidores sobre todo o contexto sobre o qual se está a desenrolar este caso e quanto tempo é que isto vai durar".

Se é verdade que muitas marcas "já sobreviveram", como realça o especialista de marketing, a verdade é que, no caso de Cristiano Ronaldo, estamos a falar de uma marca que vai sofrer influência porque está associada a alguém concreto.

Tal como esclarece Daniel Sá, existem dois aspetos que as marcas procuram quando decidem patrocinar alguém: "interessa-lhes a visibilidade e os traços de personalidade de quem patrocinam". Por isso, quando algo corre mal com quem estão a patrocinar, podem existir problemas. "As marcas têm pânico destas dúvidas", explica o diretor-executivo do IPAM ao Jornal Económico.

E como podem ser encaradas as posturas da Nike e da FIFA relativamente a Cristiano Ronaldo? Para Daniel Sá, as reservas da Nike e da FIFA são "ações normais de marcas que, neste momento, querem distanciar-se e estão a agir com todas as cautelas". A marca norte-americana é uma das principais patrocinadoras do internacional português, tendo mesmo um acordo de longa duração com o avançado da Juventus. Segundo as notícias de então, de 2016, Cristiano Ronald teria assinado um contrato vitalício com a Nike que seria superior a 750 milhões de euros.

Recorde-se que Cristiano Ronaldo foi confrontado no início da semana passada com a reabertura de uma investigação da polícia de Las Vegas, nos Estados Unidos, com base numa queixa de Kathryn Mayorga que acusa o português de a ter sodomizado sem consentimento em junho de 2009.

O capitão da seleção portuguesa, que tem 20 dias para responder perante a justiça norte-americana, a contar desde a data da reabertura do processo, negou "terminantemente" estas acusações, dizendo que a violação é "um crime abominável".

Desde a sessão de 1 de outubro, dia em que foi conhecido o caso que envolve Cristiano Ronaldo dada a conhecer após a publicação da investigação da revista Der Spiegel, as ações da Juventus acumulam uma desvalorização de 22,67%.