Skip to main content

Aptoide: “Há vários problemas na economia das aplicações a nível mundial”

A App Store Foundation vai ser oficialmente lançada no próximo dia 5 de novembro, em Lisboa. Ao Jornal Económico, o co-fundador da startup lembra que a tecnologia blockchain é uma das soluções para evitar a excessiva intermediação na distribuição de aplicações móveis.

O Museu do Oriente, em Lisboa, recebe no início de novembro a cimeira de um dia (perdão: “one day summit”) que lançará oficialmente a Fundação App Store, a entidade responsável por gerir e administrar o projeto de blockchain AppCoins. Em entrevista ao Jornal Económico, Álvaro Pinto, co-fundador da loja de aplicações Aptoide, diz que esta tecnologia é uma das maiores oportunidades de mudança no mercado das aplicações móveis, marcado pela excessiva intermediação.

“Com o que aprendemos ao longo destes anos percebemos que há vários problemas no mercado da economia das apps e na sua distribuição a nível mundial. Olhámos para a blockchain no ano passado e vimos que ela faz todo o sentido para resolver, pelo menos, três problemas na distribuição de apps [app adversting, in-app purchases e developer ranking]. Há muita intermediação na promoção de apps e muita fraude que resulta disso”, defende o Chief Operating Officer (COO) da Aptoide.

A tecnologia dá nome ao tema do evento da App Store Foundation (“How can blockchain impact the apps economy?”), que pretende reunir programadores, lojas de aplicações e OEMs. A seu ver, a blockchain é também uma solução eficaz para mercados emergentes, como a Índia – onde o governo promoveu a utilização de pagamentos digitais mas grande parte dos cidadãos não tem cartão de crédito nem sequer conta bancária.

Após lançar as AppCoins em 2017, a Aptoide foi este verão considerada uma das 10 startups portuguesas na lista das “100 mais promissoras de 2018” para a revista “Wired UK”. A loja online conta, atualmente, com aproximadamente 800 mil aplicações disponíveis e cerca de 300 milhões de downloads por mês. A evolução de utilizadores mensais tem crescido e já superou o número de users registados em 2017, fixando-se nos 35 milhões de utilizadores ativos na plataforma.

“Este ano há metas muito associadas ao projeto que lançámos no ano passado, o das AppCoins. Tivemos muito focados em desenvolver a tecnologia blockchain e colocá-la à disposição dos utilizadores – a possibilidade de comprarem bens digitais dentro das aplicações – e dos programadores, para poderem lançar as suas campanhas e promover as suas apps e os seus jogos”, afirma o COO ao semanário. A Aptoide tem uma equipa especializada de 9 pessoas no departamento de AppCoins.

 “O nosso negócio é muito digital e queremos mantê-lo assim”

O diretor de operações da Aptoide adiantou ainda que os planos de abertura de um novo escritório no Brasil ficaram suspensos – assim como outras inaugurações. Neste momento, o foco são os espaços em Lisboa e em Singapura e na China, ambos abertos em 2015.

“Temos considerado, ao longo da história da empresa, abrir escritórios em vários sítios com base no potencial de crescimento dessa geografia. O Brasil é um mercado muito importante para nós, mas a verdade é que, tal como outros mercados, temos conseguido entrar e crescer sem uma presença física. O nosso negócio é muito digital e queremos mantê-lo assim”, argumentou.

O mercado do Sudeste Asiático é aquele que desperta o maior interesse da Aptoide, cuja história passa por uma primeira ronda de financiamento dois anos depois de ser fundada e por uma ICO no final do ano passado, que resultou igualmente em levantamento de capital. “Fomos proativamente à procura de investimento na Ásia em 2015, quando estávamos a ver uma taxa de crescimento superior à de outras geografias naquela região”, refere Álvaro.

Recentemente, a empresa liderada por Paulo Trezentos acusou a Google de impedir que os utilizadores descarregassem a sua loja de aplicações, adversária da Google Play. Em causa está o software antivírus Google Play Protect, que terá impedido potenciais utilizadores a fazer o download da Aptoide. De acordo com a gigante tecnológica da Alphabet, só no ano passado, este sistema eliminou mais 70% de alegado malware do que em 2016: 700 mil aplicações. Já em 2014 a empresa com sete anos tinha processado a Google por violação das leis da concorrência do bloco europeu.