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Manuela Gonzaga. Loucura da decisão por amor

Esta é uma reedição, mas bem vinda. É a história de Maria Adelaide Coelho da Cunha, uma personalidade de primeiro plano na sociedade portuguesa do primeiro quartel do século XX.

Filha e herdeira do fundador e coproprietário do jornal “Diário de Notícias” Eduardo Coelho – já falecido quando esta história se desenrola –, mulher do administrador do mesmo jornal, o escritor e poeta Alfredo da Cunha, Maria Adelaide foi encarcerada num manicómio, culpada de um mal de amor. A escritora e jornalista Manuela Gonzaga relata-nos a vida desta figura diferente, que fez frente aos grandes médicos da época, como o nobelizado Egas Moniz e Júlio de Matos. Parte de um casamento tido como modelo de felicidade conjugal, em 1918, aos 48 anos de idade, Maria Adelaide decide abandonar o marido, o filho, a casa – um magnífico palácio lisboeta, o palácio de S. Vicente, onde acorria a nata da sociedade da época –, e, deixando para trás toda a sua fortuna, foi viver para uma aldeia beirã com Manuel Claro, seu antigo motorista, um belo jovem de 26 anos de idade. O marido, Alfredo da Cunha, persegue-a, apoiado pelos mais conceituados psiquiatras da altura. Maria Adelaide é dada como louca e presa num manicómio, o Hospital Conde de Ferreira, no Porto, por um “crime de amor”, mas nem ela nem o seu companheiro Manuel Claro – que também foi encarcerado, mas numa prisão, por quatro anos, sem culpa formada – jamais desistiram um do outro. A história não acabará assim, esmagada, porque, resistindo a toda a pressão – inicia uma guerra sem tréguas, pela escrita, nos jornais –, depois de ela ser libertada do manicómio e de ele ter deixado a prisão, ficam juntos, até à morte de Maria Adelaide, em 1954. Uma história de amor com um custo elevado, porque a herdeira perdeu toda a fortuna, a mãe esteve duas décadas sem ver o filho.

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