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Clima de “guerra fria” entre o Governo e o Banco de Portugal

Recentemente foram demitidos os governadores dos bancos centrais de países como Venezuela, Nigéria, Trinidad e Tobago ou Barbados. Mas na União Europeia seria algo inédito.

O cerco político ao governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, acentuou-se ao longo das últimas duas semanas. O líder parlamentar do PS, Carlos César, salientou que os novos dados que indiciam uma ação tardia do governador no caso do Banco Espírito Santo (BES) estão a ser “objeto de reflexão,“ na medida em que “houve falhas muito significativas na supervisão financeira”. Por sua vez, a coordenadora do BE, Catarina Martins, afirmou que “o Governo deve iniciar um processo de substituição com base em falha grave”. No mesmo sentido apontou o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, realçando que “o atual governador não tem condições para exercer as funções”.
Neste contexto de tiro ao alvo, coube ao primeiro-ministro António Costa lembrar que “o governador tem um estatuto próprio de inamovibilidade” e, aliás, foi reconduzido no cargo pelo anterior Governo. Mas não deixou de reiterar as críticas que fez à atuação do governador, quando ainda estava na oposição. Contribuindo assim para o clima de “guerra fria” entre o atual Governo e o governador que também se verifica na escolha de novos administradores, na reforma do modelo de supervisão bancária que deverá retirar poderes ao BdP e no atribulado processo de venda do Novo Banco.
Apesar de todas estas frentes de combate, Carlos Costa não desarma. Questionado sobre se “ainda sente condições para ser governador”, respondeu: “Claro que sim.” E quanto ao BES, garantiu: “O que fizemos era o que se podia fazer”.

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