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Alexandre Farto (Vhils): “É preocupante a realidade da Lisboa degradada”

Vhils (Alexandre Farto) mostra-se otimista com o estado da arte no país, mas o pessimismo leva a melhor no que toca ao abandono de certas zonas da capital. Começou a pintar graffiti muito novo e reconhece que foi determinante na sua vida e na sua perceção do mundo. Em 2006 apresentou a primeira exposição individual.

Até que ponto crescer na margem sul influenciou o seu trabalho?
Influenciou na medida em que afetou e moldou o meu processo de crescimento e entendimento do mundo. Acredito que o meio onde crescemos e vivemos tem um papel fundamental em moldar a nossa personalidade através de vários fatores. O meu trabalho tem abordado muito esta questão do efeito de moldagem recíproca, que é determinante no relacionamento que pessoas e comunidades têm com o meio que as rodeia. Neste sentido não só a Margem Sul, mas também Lisboa e Portugal, tanto a nível social, como económico e urbanístico, tiveram e têm uma enorme importância para mim, quer em termos pessoais, quer profissionais. Cresci numa zona limítrofe, uma mescla de equipamentos industriais inseridos numa paisagem ainda meio rural que, com o passar dos anos, foi sendo transformada por um intenso processo de desenvolvimento. O confronto visual gerado pelas mudanças ocorridas no pós 25 de Abril, primeiro com a explosão criativa do muralismo político português e, mais tarde, o contraste gerado entre o que restava destes murais e a chegada da publicidade capitalista, com novas cores e novas formas de comunicar no espaço público, seguido pela chegada do graffiti e outras formas de comunicação visual, marcou-me muito. Também o graffiti ilegal, onde iniciei o meu percurso, acabou por ser determinante para moldar a minha perceção do mundo e do espaço público, do modo como as cidades operam e como nós podemos operar nelas.

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